A Secretaria de Estado da Fazenda do Paraná realizou o Seminário de Gestão Pública que buscou debater os desafios e oportunidades da administração. Já no primeiro painel foram revisitadas algumas questões que muitas pessoas já sabem, mas como dizem as aeromoças: não custa serem lembradas.
É sabido por todos que a população brasileira, em sua maioria esmagadora, depende dos serviços públicos básicos e, por conta disto, a máquina pública nacional dispende um valor equivalente a 40% do Produto Interno Bruto. Isto se dá pelo fato dela ser muito pesada e atuar no formato processual. Por conta disto ela é lenta e muito dispendiosa.
O debate girou em torno de gestão de pessoas, da questão orçamentária e da gestão fiscal e transitou pela reforma da Previdência, tendo o encerramento com a apresentação do professor Fernando de Holanda Barbosa, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), que abordou os desafios e oportunidades que nosso país tem pela frente.
As evidências apresentadas são claras e de conhecimento de muitos: o Brasil é um dos países mais desigual do mundo. Com isto há a necessidade do setor público efetuar a compensação realizando gastos em áreas essenciais e nevrálgicas para a sociedade, tais como saúde, educação e segurança pública. E estes gastos crescem a cada ano, só que com um detalhe alarmante: mesmo com os gastos crescentes o país ocupa, segundo dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), as últimas posições nos rankings de avaliação de desempenhos das áreas de saúde, educação e segurança.
Isto não é novidade: o gasto público possui baixa qualidade e, por conta disto, os recursos públicos são insuficientes para financiar as necessidades da sociedade e a máquina pública não está entregando serviços de boa qualidade. E para isto é feita a seguinte pergunta: para onde está indo o dinheiro público?
Algumas questões que os gestores públicos têm que começar a discutir, e logo, são: O que fazer para estabilizar os gastos com pessoal? Como aumentar a produtividade do serviço público “entregando” mais serviços com o mesmo valor dispendido no financiamento de suas atividades? Qual a reforma ideal para o estado brasileiro considerando todos os entes subnacionais?
Uma alternativa que tem que ser considerada e que foi abordada no seminário é que a gestão é o ponto de inflexão de qualquer melhoria do serviço público. Gestão, e não o que a maioria de nossos agentes políticos costuma fazer pelo Brasil afora para divulgar as suas ações e conseguir ganhar popularidade e, principalmente, votos. Não se trata somente de fazer obras ou fazer pequenos reparos estruturais, mas de se fazer gestão e se discutir as questões estruturantes para nossa sociedade. Muitos falam que fazem ações para gerar empregos. Quais ações? Quantos empregos foram gerados? Quais as melhoras do salário real médio dos trabalhadores a partir destas supostas ações?
De acordo com Ana Carla Abrão Costa, head da Oliver Wyman no Brasil e uma das painelistas do seminário, o modelo brasileiro já deu errado. Por conta disto todos os brasileiros sofrem com o atual modelo operacional, que é caro e não entrega serviços públicos de qualidade. Concluiu afirmando que o país não cresce por causa da baixa produtividade e metade da economia está nas mãos do setor público. Portanto, tem-se que melhorar a produtividade do setor público.
Sem sombras de dúvidas a vida dos brasileiros somente irá melhorar quando os próprios brasileiros exigirem de seus representantes que promovam a mudança do modelo de gestão pública. Sem isto iremos sempre estar “chovendo no molhado”.