Recentemente a população paulista e paranaense foi pega de surpresa com os anúncios de seus respectivos governos estaduais de que estes iriam promover o fechamento de dezenas de escolas e colégios. A principal justificativa para tal decisão ficou lastreada na queda do número de alunos matriculados na rede estadual. Muito simplória a argumentação dos governos, tanto que a maioria da população se posicionou contrária à decisão. O governo do Paraná mudou de ideia, já o paulista, não.
As justificativas são frágeis porque os governos não conseguem explicar, de forma clara, as razões da mudança. O real motivo dessas mudanças é a transição demográfica.
A transição demográfica é um evento caracterizado pela mudança nas taxas de natalidade e de mortalidade. No Brasil temos a redução da taxa de natalidade combinada com uma redução na taxa de mortalidade e com o aumento da expectativa de vida. Com isto temos o “envelhecimento” da população. Este fenômeno já aconteceu nos países desenvolvidos e agora está começando a ser presente nos países em desenvolvimento, dentre eles o Brasil. Como consequência disto, surgem mudanças nas condições macroeconômicas, no padrão de consumo, na estrutura produtiva, no mercado de trabalho e na estrutura urbana.
Com a redução da população de jovens e o aumento da de idosos o que vai ocorrer é um reordenamento das estruturas públicas de educação, de saúde e de proteção social. Com efeito, os gastos com saúde deveriam aumentar e as políticas de proteção social deveriam começar a focar, de forma mais intensa, a população idosa. Também temos que o crescimento econômico passará a ocorrer em taxas menores e os ganhos de produtividade irão depender mais da inovação tecnológica.
Com o passar do tempo, teremos menos jovens para educar, para consumir lazer e para empregar. Por conta disto o setor produtivo terá duas opções: ou contratam pessoas mais “experientes” ou investem em tecnologia para substituir a mão-de-obra. O que deve acontecer é a segunda opção.
Muitas pessoas estão envelhecendo. Eu estou envelhecendo.
Infelizmente os governos não estão tratando deste assunto da forma como deveria ser tratada. Estão discutindo o tema de forma distorcida, enxugando a estrutura pública de atendimento aos jovens. Isto é explícito. Da mesma forma, não estão discutindo a melhoria da estrutura pública de atendimento aos idosos. Isto também é explícito.
Atribuo a culpa aos nossos legisladores. Isso mesmo, aos vereadores, aos deputados estaduais e federais e aos senadores. Eles não estão discutindo este tema. Sempre colocam outros assuntos como sendo mais importantes e o que a população realmente necessita fica para “outra oportunidade”. Lamentável.
A cada ano que se passa não teremos a mesma idade, portanto estamos envelhecendo. Envelhecendo na cidade. Espero que nossos legisladores e gestores públicos passem a pensar de forma efetiva e eficiente em soluções para a nova realidade brasileira, a minha realidade, a nossa realidade: a de envelhecer. Mas envelhecer com qualidade de vida.
Concordo plenamente. Temos legisladores que não cumprem com o seu compromisso básico, no entanto possuem como "foco" a reeleição, dar nome de ruas, títulos, etc. Quando não estão fazendo do Poder Legislativo um balcão de negócios produzem no plenário cenas dantescas, tais como: dancinha desengonçada e discursos alienados, ferindo ferozmente a língua portuguesa.
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