O destino das grandes coletividades deve ser liderado por homens que representam a parte consciente delas. Tal afirmação é do político, diplomata, historiador, jurista, orador e jornalista brasileiro Joaquim Nabuco e ficou registrado em carta que enviou de Londres para o jornal La Razón, de Montevidéu, no Uruguai. O texto é datado de 23 de novembro de 1883 e abordava questões sobre o regresso do Czar para a Rússia e o seu projeto de reforma constitucional.
No mesmo documento Nabuco diz que a afirmação de que “todo povo tem o governo que merece” é uma frase que expressa apenas parte da verdade. Ele concorda que uma nação como um todo tem o governo que merece, porém, se tratar de frações da nação, tal como uma aldeia, um estado ou uma cidade, de forma isolada, eles podem ficar sob o julgo de um governo que não querem.
Tal fato ocorre à partir da escolha do conjunto da sociedade que não consegue efetuar reflexões racionais e acabam não identificando as pessoas que possuem capacidade de representa-los e consciência das atribuições das funções públicas. Em outras palavras, possuímos, em nossa composição, extratos submersos no profundo desconhecimento das suas reais necessidades enquanto coletividade, ou seja, que não efetuam escolhas racionais.
Por conta disto acabamos elegendo representantes que não tem o interesse de atender a demandas da parte consciente da sociedade, pessoas que colocam interesses individuais acima dos coletivos, que executam projetos não prioritários e que acabam agindo como déspotas esclarecidos, uma vez que depois de eleitos acham que podem e devem agir conforme suas convicções, esquecendo-se das aflições do povo. Estas pessoas não são conscientes.
Assim como a nação russa do século XIX, a nossa sociedade não pode ser vista somente como a atual, temos que pensar na do futuro, na estrutura social que deixaremos para os nossos filhos e netos. Nossas atuais escolhas individuais poderão nos fazer “patinar” e não evoluir como necessário.
Para se escolher os nossos representantes a parcela “submersa” da sociedade se contenta com combustível, churrasco e cerveja. Não possuem consciência.
Os nossos representantes não precisam ter lido e compreendido as obras de Voltaire, Turgot e Rousseau, entre outros. Precisam ter a capacidade de auscultar as pessoas e identificar as suas reais necessidades. Assim como sugeriu o ex-presidente Jânio Quadros, por ocasião de sua renúncia: “temos que colher no Povo, que é a única fonte da nacionalidade, as suas aspirações, e convertê-las em realidades tangíveis”. Este é o verdadeiro rumo que a sociedade aguarda para o futuro próximo. Não queremos gasolina, churrasco e cerveja, pois com representantes conscientes de suas funções poderemos evoluir e conseguiremos adquirir estes bens como nossos próprios esforços e não somente pelo gesto de votar por votar.
Os rumores e notícias do volume de dinheiro que está “correndo” pelas campanhas eleitorais assustam. As cifras são elevadas e os “submersos” não conseguem enxergar o mal que isto representa para nossa sociedade. Por isto devemos emergir e efetuar escolhas racionais para o bem de todos.
Muito bom esse texto, prof. Rogerio.
ResponderExcluirMe fez lembrar do texto de Thomas Jefferson, quando ele cita que "os mais instruídos devem governar os menos instruídos", numa alusão que é também necessário que escolhamos pessoas capazes.