quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Crítico ou oponente?

Todas as pessoas estão sujeitas a criticas. Entretanto as pessoas que exercem funções públicas além de críticas, recebem reclamações, demandas e cobrança. Raramente, quase nunca, recebem elogios ou agradecimentos. Mas isto é compreensível, pois o entendimento das funções públicas é de que elas existem para servir a sociedade. Portanto o que eles fazem ou o que eles deveriam fazer nada mais é do que a sua obrigação.

Por isto os funcionários públicos são chamados de servidores, pois estão ou deveriam estar servindo a sociedade para atender os direitos constitucionais dos cidadãos e exercendo as funções para as quais a instituição em que eles atuam foi criada.

No caso dos agentes políticos o entendimento deve ser o mesmo: eles estão lá para servir a sociedade e estes não precisam agradecê-los pelos feitos, pois cumprem meramente suas obrigações.

É claro que não podemos ser hipócritas e acreditar que isto ocorre com naturalidade, pois é difícil encontrar uma pessoa que nunca teve uma experiência negativa de demora no atendimento, de não atendimento ou mesmo de ser maltratado por algum servidor público. Já no caso do agente político é um pouco mais difícil encontrar alguém que afirme que foi maltratado por um deles. Pelo contrário eles precisam, sempre, agradar os cidadãos. Até porque eles são eleitores.

Entretanto os agentes políticos não admitem, em hipótese alguma, críticas às suas atuações. Até parece que eles são perfeitos ou que eles estão sempre agindo corretamente. Será que eles não conseguem lidar com críticas? Será que todos que os criticam devem ser considerados seus inimigos?

A palavra crítica vem do grego ckritike, que significa “apreciação minuciosa”. Com efeito, quando alguém está fazendo uma crítica podemos afirmar que ele está efetuando uma apreciação minuciosa acerca de algum assunto ou sobre o desempenho de alguém. Destarte não deveria se tratar de algo necessariamente ruim, embora existam a crítica construtiva e a crítica destrutiva. Esta segunda nem merece destaque neste texto.

O que os servidores públicos e agentes políticos devem ter claro é que eles devem aprender a lidar com as críticas e devem encará-las como o indicativo de caminhos e alternativas para melhorar o desempenho institucional e pessoal. Aceitar as críticas deve ser um exercício constante de tolerância e compreensão até porque as críticas responsáveis devem ser para o trabalho, para o desempenho, e nunca para a pessoa.

Quando efetuamos uma crítica sobre falta de transparência, falta de acesso à informação ou pelo não atendimento de alguma demanda social a crítica é para a instituição, que possui uma pessoa como responsável. Não se pode levar para o lado pessoal.

Os agentes políticos que não estão sendo criticados ou que não sabem que estão sendo criticados devem desconfiar das pessoas que os cercam. A crítica é natural e faz parte do dia a dia dos indivíduos. Como sabemos e admitimos que ninguém é perfeito, automaticamente reconhecemos que o desempenho institucional, que é o conjunto dos desempenhos individuais, possui falhas e que é possível melhorá-lo.

Temos que encarar as críticas como disse Santo Agostinho: “Prefiro os que me criticam, porque me corrigem, aos que me elogiam, porque me corrompem”. O agente político deve encarar o seu crítico como um sinalizador dos caminhos para o desenvolvimento institucional e pessoal e não visualizá-lo como um oponente, um adversário.


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