domingo, 30 de setembro de 2018

Barco a deriva


Os indicadores econômicos recentes vêm apontando uma recuperação lenta de nossa economia. Assim, muitos acreditam que o crescimento econômico será retomado e o desemprego reduzido. Na verdade as expectativas são de que o crescimento do PIB para este ano seja em torno de 1,4% e que se mantenham na faixa dos 2,5% nos próximos três anos.

Estas expectativas positivas devem ser vistas com alegria, uma vez que demonstram que o país está começando a sair de um período de recessão onde a economia reduziu o seu nível de atividade causando o aumento do desemprego, a redução da massa salarial, queda na arrecadação de impostos e, como consequência deste último, a paralisia na execução de muitas políticas públicas e a manutenção do déficit público com o desajuste nas contas públicas. Porém, o ritmo da retomada está sendo e será muito tímido.

A situação atual e o quadro prospectivo para os próximos quatro anos não se apresentam muito favoráveis e a possibilidade de reversão dos prejuízos causados pela má gestão econômica dos últimos oito anos deverá ser muito lenta, mantendo-se a condição agonizante de nossa economia.

Muitos brasileiros esperavam o surgimento de algum “salvador da pátria” que pudesse ser eleito para a presidência do país e conseguisse trazer consigo propostas para solução efetiva e rápida para nossos problemas, mas os que se apresentaram para o pleito vieram somente com o desejo de assumir o poder e não apresentam soluções factíveis nos seus planos de governos.

De outro lado o governo comemora a redução do desemprego, o controle da inflação e a retomada do crescimento do PIB. A redução do desemprego é um evento estatístico causado mais pela retração da população economicamente ativa (PEA) do que pelo crescimento da economia, pois a geração de emprego está sendo muito tímida.

O controle da inflação pode ser considerado mais um resultado do alto nível de endividamento das famílias e da redução da massa salarial que faz com que as pessoas não tenham recursos para demandar bens e serviços do que resultado de políticas econômicas de combate à inflação, até porque elas inexistem.

Já o crescimento do PIB real é insignificante e incapaz de resolver o quadro geral. Segundo expectativas do Banco Mundial, o PIB real mundial deve apresentar um crescimento médio em torno de 3% no triênio 2018-2020. Nestas expectativas o crescimento médio para as Economias Emergentes e em Desenvolvimento (EMDEs), grupo em que o Brasil está inserido, deverá ser em torno de 4,6%. Até as expectativas de crescimento médio na África Subsaariana, no Oriente Médio e no Norte da África são maiores do que a nossa. Isto demonstra que há uma miopia na condução das políticas econômicas no Brasil.

A situação política e econômica brasileira pode ser considerada como a de um “barco a deriva”: sem rumo e muito distante do “porto seguro”. E o pior é que não conseguimos o timoneiro adequado para dar um rumo para esta embarcação chamada Brasil.

As propostas que os candidatos propalam pelos quatro cantos do país não são fáceis de implantar e se implantadas poucos efeitos terão. Daí o eleito virá daqui a quatro anos pedir mais quatro anos de mandato para poder concluir a “salvação da pátria”.

Para mudar o cenário econômico brasileiro no curto prazo o próximo governo deverá efetuar reformas que possam impactar na estrutura econômica e não fazer mudanças que aliviem a conjuntura de curto prazo, caso contrário, a economia não melhorará e daqui a quatro anos o povo brasileiro ainda estará enfrentando e reclamando dos mesmos problemas.

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