sábado, 24 de agosto de 2019

Anos difíceis


Não é somente a implementação de políticas econômicas que afetam os agregados econômicos. As ausências delas também afetam, pois em momentos de deterioração dos indicadores econômicos há a necessidade de que as autoridades econômicas e políticas tomem decisões para amenizar os problemas que se prenunciam.

Estamos vivenciando um momento muito turbulento tanto para a economia nacional quanto para a economia mundial. O mesmo acontece nos meios políticos e há uma grande interdependência entre o ambiente econômico e o ambiente político. Os indicadores apontam para a manutenção do desemprego em níveis elevados, baixo crescimento do PIB, inflação arrefecendo por redução do consumo, que por sua vez reduz por conta do alto endividamento das famílias e redução da renda média real, a taxa de câmbio está aumentando, a produção industrial está em níveis muito reduzidos e a dívida líquida do setor público aumentando.

E as expectativas é que estes indicadores continuem a se deteriorar. Um pouco é por causa de questões atitudinais e comportamentais dos governantes. Em outras palavras é por conta das besteiras que alguns governantes cometem ao ficar utilizando de bravatas e de falas que nada agregam para suas respectivas economias. Trump e Bolsonaro são bons exemplos disto.

No caso internacional temos um grande conflito comercial se desenvolvendo e afetando todas as economias. A economia mundial poderá enfrentar uma redução drástica nos juros fazendo com que os investidores passem a fugir de riscos em investir em economias em desenvolvimento. Isto levará os investidores e sair de mercados emergentes como é o caso do brasileiro.

Há uma forte expectativa de que o mundo entre numa nova recessão, o que poderá fazer com que a retomada do crescimento econômico no Brasil seja ainda mais lenta e a reversão da crise fiscal possa demorar muitos anos.

Na verdade nosso país está com muitas dificuldades, a começar pela grande letargia que temos na área econômica. Até o presente momento o plano “A” do ministro Paulo Guedes, a reforma da Previdência, não finalizou e não surtirá os efeitos prometidos no crescimento da economia e na geração de empregos quando finalizado. E o pior é que parece que a equipe econômica não tem plano “B”.

A MP da liberdade econômica poderá ajudar um pouco, mas a situação das finanças públicas está tão grave que dificilmente as ações ortodoxas do governo federal darão conta de amenizar os problemas de curto e médio prazo que se avizinham. O governo fez bloqueio de verbas para tentar conter o crescimento do déficit e muitos ministérios deverão colapsar nos próximos meses. Com efeito, os estados e municípios também ficam sem recursos. Uma coisa leva à outra.

E a pressão está sendo muito grande. Até porque no ano que vêm teremos eleições municipais e, se o governo mantiver os cortes de recursos nos ministérios, os estados e municípios terão menos dinheiro e os pré-candidatos que pretendem usar a máquina pública para se elegerem poderão ter dificuldades para conseguir seu intento.

Parece que soluções coerentes e factíveis não surgirão: Já estão querendo ressuscitar a CPMF, acelerar o processo de privatizações e até mesmo mudar a meta fiscal. Tudo isto para destravar os gastos do governo. As soluções apontadas não passam de “balões de ensaio”. O que nossa economia precisa é de crescimento econômico e a linha conservadora da equipe econômica não contribui para isto e, a mudança repentina de rumos, poderá colocar o governo numa arapuca. Tudo indica que teremos “anos difíceis” pela frente.

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