Recentemente acompanhei um desabafo de uma pessoa num grupo de mensagens instantâneas. Ela estava reclamando da falta de emprego na cidade, pois tem experiência de mais de dez anos num determinado ofício e não consegue um emprego.
Uma das causas da falta de oportunidades de empregos no país é a crise econômica e política que nosso país passou nos últimos anos. Com efeito, a economia não apresentou resultados favoráveis para o seu nível de atividade, ocasionando baixa oferta de empregos ou mesmo aumento do desemprego.
O governo federal, alguns estados e muitos municípios estão comemorando os resultados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) do ano de 2019. No Brasil as contratações superaram os desligamentos em 644 mil novos postos de trabalho. É o melhor resultado dos últimos sete anos, onde chegamos a ter anos com fechamento líquido de postos de trabalho. Em 2015 tivemos o fechamento de 1,5 milhão de postos de trabalho.
Mas antes da crise fiscal brasileira, que gerou uma crise política resultando no impeachment da presidente Dilma Rousseff, a média líquida de nossa economia era de 2,5 milhões de novos postos de trabalho gerados.
A economia está retomando os rumos do crescimento. Não tanto por causa das ações de políticas econômicas do governo federal e muito menos pelas ações dos governos dos estados e praticamente nada por conta da atuação dos governos municipais. Até porque a função “Trabalho” do orçamento dos municípios não apresentam muitas ações efetivas. Porém, quando os resultados são favoráveis os prefeitos divulgam como se tivessem feito algo para que isto ocorresse. Mero oportunismo político.
A região sul apresentou o segundo maior saldo de empregos do ano (143.273), ficando bem atrás da região sudeste, que gerou 318.219 novos postos de trabalho. Estes dados demonstram que há um maior dinamismo na região sudeste tendo a região sul um desempenho satisfatório, porém nas demais regiões a geração de emprego ainda está aquém das expectativas.
Na região sul o Paraná gerou 51.441 novos empregos no ano de 2019, ficando atrás de Santa Catarina, com 71.406, e à frente do Rio Grande do Sul, com 20.426.
Este é o momento em que muitos prefeitos devem avaliar os resultados acumulados do mercado de trabalho formal em seu município e refletir o que pode ser feito, na forma de políticas públicas municipais, para atrair empresas que geram empregos, capacitar mão-de-obra local para reinserção no mercado de trabalho e muitas outras ações que podem ser concebidas e executadas para tentar melhorar a condição do mercado de trabalho local e, consequentemente, a qualidade de vida da população.
Mas onde os resultados não forem favoráveis estes prefeitos irão omitir os resultados e continuarão fazendo divulgações de que as coisas estão boas e que vai melhorar ainda mais. Até porque este ano temos eleições municipais e as verdades acabam sendo maquiadas para não gerar perturbações para os agentes políticos.
Este é o momento de os eleitores começarem a se preocupar com o futuro dos respectivos municípios, de comparar os indicadores, de se perguntar porque nos municípios vizinhos o volume de postos de trabalho gerados chega a quase dez vezes mais o volume gerado no seu, questionar a falta de ações efetivas e claras para melhorar a vida da população e coisas desta natureza.
Parece que uma parcela significativa da população se contenta com pouco e não consegue ter uma visão mais abrangente acerca da conjuntura, e porque não dizer da estrutura social de sua localidade. Por conta disto, a vida cotidiana continua como antes, vivendo em fluxos circulares, ou seja, de tempos em tempos. De eleição em eleição.
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