sábado, 8 de fevereiro de 2020

Oásis de sensatez


O debate político em nosso país anda um tanto quanto raso. Há quem afirme que sempre fora raso. De colônia à nossa atualidade, passando pelo Império, República Velha, Era Vargas, Ditadura Militar e pela Redemocratização, sempre tivemos liderem com rompantes populistas e autoritários.

Estes perfis de líderes políticos existiram, existem e continuarão existindo em todos os níveis de nosso país: no federal, nos estaduais e nos municipais. A população parece que sempre se colocou de forma “amortecida” com relação às atitudes e comportamentos de nossos líderes políticos. Principalmente nos períodos democráticos, onde a escolha destes líderes é feita pelo povo, as escolhas são feitas com base em critérios distorcidos que em nada contribuem para o benefício do coletivo.

Mas temos que acreditar que a verdade é absoluta demais. Temos que acreditar que ela chega e toma conta. Mesmo que demore muito tempo. A deterioração do debate político é fomentada pelos próprios agentes políticos que não desejam qualificá-lo. Até porque se assim o fizerem poderão não lograr êxito em seus projetos de poder. É isto mesmo, como na época do coronelismo, muitos agentes políticos locais se colocam como senhores da razão e dominam a pretensa verdade e conhecimento das necessidades do povo e tentam se perpetuar no poder.

Em muitas regiões, em épocas não muito distantes, era até comum a atuação de certas espécies de capitães do mato para fazer prevalecer a vontade de seus mandatários, o coronel.

Na atualidade, o acesso a comunicação e o advento das redes sociais mudaram o perfil das pessoas e estão tornando-as mais críticas. Porém, ainda há muito a evoluir até que consigamos romper com o modelo autoritário, cheio de censura, que ainda vigora em muitos rincões de nosso país.

As decisões de política econômica são tomadas visando o que é melhor para quem está no poder, e muitas vezes não consideram os efeitos imediatos e de curto prazo sobre a população mais dependente das políticas públicas.

Nosso país possui uma herança maldita recebida de nossos governantes. Desde a Colônia, passando por todos os períodos históricos, tivemos decisões que foram tomadas que até os dias atuais oneram nossa sociedade. As irresponsabilidades dos gestores do passado assombram a administração pública atual e ficamos reféns de decisões para solução destes problemas que, na maioria das vezes, servem somente para “empurrar” os problemas para as próximas gestões ou mesmo para as próximas gerações.

Os problemas, em sua maioria dos casos, recaem sobre a população. E nada é feito para rediscuti-los. Quando o governo federal toma uma decisão de política econômica para buscar cumprir metas fiscais, para refinanciar seu déficit ou coisas do gênero não há a busca de sacrifícios para a gestão atual. As soluções passam por atingir os estados e os municípios e os seus respectivos moradores.

Não são os agentes políticos que se privarão de acesso a serviços e bens necessários. É a população em geral. E os mais pobres serão os que mais sentirão o peso das decisões para a manutenção do poder por parte dos agentes políticos, sempre sendo usados como massa de manobra pelo convencimento ou mesmo pela distorção da realidade através da utilização de dispositivos de repressão e censura.

As mesmas ferramentas utilizadas na idade média foram usadas no período recente de nossa história e continuam sendo usadas na atualidade. Claro que com algumas adaptações, mas continuam. Cabe à sociedade encontrar alguns oásis de sensatez para fazer o enfrentamento e tentar mudar os rumos de nossa história. Neste ano teremos mais uma oportunidade. Espero que não deixemos ela escapar.

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