Enquanto a população brasileira sofre com um desemprego gigantesco e a forte escalada do custo de vida as preocupações de nossos agentes políticos parecem se resumir em dinheiro para campanhas eleitorais e no processo de reeleição presidencial. Temos cerca de 14,7 milhões de desempregados e quase 6 milhões de pessoas desalentadas. Os preços dos alimentos estão subindo bem acima dos índices médios de inflação e superam os 10% nos últimos doze meses.
O que se esperava é que os agentes políticos discutissem as soluções para amenizar a condição de caos social que se desenha, uma vez que o Brasil já está entrando no mapa da fome da Organização das Nações Unidas (ONU), de onde não fazia parte desde o ano de 2014 por conta da redução da pobreza e da extrema pobreza com a ação do programa Bolsa Família, uma espécie de programa de renda mínima que é determinada pela legislação federal e que também não está sendo cumprida pelo governo federal.
Diante deste quadro é possível que a situação social brasileira piore, uma vez que não vemos soluções sendo sinalizadas e diante da forma com que os governos utilizam os recursos financeiros disponíveis. A perspectiva de médio prazo é que o nível de desemprego continue elevado, o que assombra boa parte dos brasileiros. Além disto a inflação se mostra persistente e não há uma política para estabilizar os preços, principalmente dos alimentos.
O governo insiste em afirmar que a economia está retomando os rumos do crescimento econômico e que as perspectivas para o pós-pandemia são muito boas, porém não está fazendo muita coisa para que isto aconteça de forma efetiva. A verdade é que a expectativa da população acerca da melhoria do quadro econômico ainda é favorável, porém temos que ter uma demonstração por parte de nossas autoridades. O que se vê por parte delas são discussões de interesses pessoais ou de grupos políticos e muitas notícias de má aplicação e de desvios de recursos públicos que poderiam ser aplicados em favor de políticas públicas para sanar os problemas existentes.
A economia irá crescer acima dos 5% em 2021, porém as desigualdades ainda persistirão e é neste caso que é necessária a implementação de políticas econômicas que contribuam para uma tentativa de amenizar estas desigualdades e buscar aumentar o nível do crescimento de curto prazo. Não há o que se comemorar com a expectativa de crescimento, uma vez que a base de partida para este crescimento é muito baixa.
O economista, ex-presidente do IBGE e ex-presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro, em recente análise se mostrou pessimista quanto a reversão da crise no curto prazo e afirma que a solução somente virá com um novo governo e isto irá demorar para ocorrer. Atribui a inércia do governo à incompetência acumulada na equipe econômica e política do atual governo. Complementa que não se comenta sobre uma possível crise energética que está sendo projetada para o próximo ano, o que poderá agravar a situação econômica e social brasileira.
Esta opinião corrobora com os eventos que observamos e com a ausência de reformas macroeconômicas que possam amenizar os problemas econômicos conjunturais que, se não forem resolvidos com a devida celeridade, poderão danificar a nossa estrutura econômica e social.