terça-feira, 27 de setembro de 2022

Minha escola

Recentemente estive visitando a Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Profa. Linda E. A. Miyadi (CEEBJA), em Apucarana. O diretor, professor Jorge Marques, foi muito atencioso e me acompanhou na visita. Passando pela “sala dos professores” ele comentou com uma professora que estava no local que eu sou da universidade e, prontamente, ela disse que me conhecia e que havia sido minha professora.

Fiquei curioso, pois não a reconheci de imediato, e perguntei onde ela tinha lecionado para mim. “Foi no Premem”, respondeu. Era a professora Lorena Martins, de inglês. Já fazem mais de quarenta anos que estudei no Premem. Fiquei muito contente de reencontrá-la e pudemos conversar rapidamente sobre a escola que era um modelo tanto dentro do ensino comum, quanto nas atividades de formação especial.

Acredito que a escola tenha sido construída a partir do Programa de Expansão e Melhoria do Ensino (Premem), do governo federal. Realmente era algo muito especial estudar naquela escola. A formação especial visava fornecer aos alunos uma visão geral do campo de trabalho. Cada matéria deste módulo tinha a sua própria estrutura e os alunos é que se deslocavam para os ambientes específicos. Tínhamos aulas de “Técnicas Comerciais” onde aprendíamos a redação técnica comercial e cálculos básicos de finanças. Na disciplina de “Indústria Caseira” os alunos tinham contato com a culinária, produção de conservas, entre outros assuntos.

Também tinha uma oficina completa, com ferramentas especiais (inclusive um torno mecânico) para a disciplina de “Técnicas Industriais” e na de “Técnicas Agrícolas” a sala de aula era externa. Fazíamos hortas, compostagens e tínhamos contatos com a temática que hoje é conhecida como agronegócio. Aprendíamos muitas coisas que poderiam nos dar uma orientação para a vida profissional, além do currículo normal da educação básica. Me orgulho muito de ter estudado no Premem, hoje Colégio Estadual Polivalente Carlos Domingos Silva.

Nossa sociedade, principalmente nossos jovens, precisam de uma escola com as características do “antigo” Premem. É necessário que os nossos agentes políticos se preocupem com a educação profissional para além do que temos hoje.

É comum nos municípios existirem relações com muitas vagas de empregos que demoram para serem preenchidas. Isto não acontece porque não tem desempregados. A demora no preenchimento das vagas ocorre, na maioria das vezes, pela ausência de qualificação dos candidatos para preenchê-las. É claro que temos a barreira da exigência da experiência, mas se o candidato tiver um curso técnico que o credencie para a função já ajuda, né?

Além da formação profissional também era propiciada a formação cidadã com a construção de uma visão crítica da realidade posta. É um modelo muito bom e que deveria retornar. Espero que os eleitos no próximo pleito se sensibilizem com estas questões e façam dos Premem’s a “nova Fênix paranaense”. Muitos podem até não concordar, criticar e contra-argumentar. Tudo bem. O importante é debater.

O que temos que concordar é que a sociedade precisa de alternativas de emprego para nossos jovens. Mas também temos que concordar que precisamos dar as oportunidades necessárias para que estes jovens estejam aptos para elas. Condições para isto, temos. Basta querer.

Foi muito bom rever a professora Lorena Martins. Também foi muito bom relembrar do Premem, a minha escola. Espero que muitos jovens da atualidade e do futuro próximo tenham a oportunidade e o orgulho de estudar numa escola como o Premem dos anos 1980.

 

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