segunda-feira, 30 de junho de 2014

O baixo crescimento econômico brasileiro: mais um problema para se preocupar

Toda semana uma das primeiras notícias na área econômica que surge é a divulgação do Focus – Relatório de Mercado publicado pela Gerência-Executiva de Relacionamento com Investidores (Gerin) do Banco Central do Brasil (Bacen) que traz as expectativas do mercado financeiro sobre o comportamento de diversas variáveis importantes da economia brasileira.

É claro, que uma das expectativas mais comentada e que apresenta maior repercussão é a inflação acumulada para o ano. Não trataremos disso nesse momento. Vamos falar das expectativas quanto ao crescimento da economia brasileira para o ano de 2014.

As expectativas de mercado publicada pelo Bacen é feita com base nas análises das equipes de economistas das diversas instituições financeiras que atuam no mercado financeiro e após efetuar esse levantamento é calculado a mediana dos agregados. Mediana é uma medida de tendência central que localiza o centro da distribuição dos dados observados. Em outras palavras é o valor numérico que separa a metade superior dos dados observados da metade inferior.

Com base nos fundamentos apresentados pela economia brasileira e na forma com que o governo conduz a política econômica brasileira o mercado vem, semana a semana, reduzindo as expectativas quanto ao crescimento da economia.

No final do ano de 2013 esperava-se que a economia crescesse 2,50% em 2014, mas a forma com que o governo vem tomando suas decisões na área econômica está levando os analistas a ter uma visão mais negativa quanto ao desempenho econômico no ano de 2014.

No relatório divulgado hoje (30/06) a expectativa foi reduzida pela quinta semana consecutiva e agora se espera que a economia cresça somente 1,10%.


O crescimento da economia é uma variável importante e é medido pelo crescimento real (descontada a inflação) da produção total de bens e serviços de um país. Esse é o Produto Interno Bruto (PIB) que também é uma variável que deve ser acompanhado com muita atenção por parte dos formuladores de política econômica.

No curto prazo as autoridades econômicas, ou seja, o governo, deve se preocupar com cinco objetivos básicos: o controle da inflação, o crescimento econômico, o equilíbrio externo, o nível do emprego/desemprego e a distribuição de renda. Há certa dependência entre essas variáveis, pois uma inflação alta pode impedir o crescimento e afetar a renda real das pessoas, por exemplo.

No caso do crescimento econômico o entendimento é muito simples: se há baixo desempenho, as empresas vão produzir menos e, no curto prazo, a solução é dispensar/demitir funcionários ou de evitar contratações. Isso depende da situação específica de cada empresa. Com isso a massa salarial paga reduz o que pode realimentar a desaceleração da economia.

Inclusive esse cenário já está confirmado pelo próprio governo, que indicou na última ata do Comitê de Política Monetária (Copom), que a inflação ficará acima da meta, que é de 4,50%, podendo atingir o teto da meta que é de 6,50%, e de que o crescimento da economia será abaixo de 1,60%.

Desta forma, temos um cenário não muito favorável para 2014, com inflação em alta, baixo crescimento e possibilidade de aumento no desemprego. A situação está ruim, sim, e não parece que vai melhorar tão cedo. E o governo pode piorar ainda mais a situação se resolver promover um aumento dos gastos públicos no segundo semestre, o que é muito comum em época de campanha eleitoral. É claro que os bitolados defensores do governo irão criticar e negar essa possibilidade, mas tenho isso como algo concreto e muito possível de acontecer.

2014 já está sendo ruim e 2015 promete ser muito difícil.

sexta-feira, 20 de junho de 2014

Vídeo muito legal - Vale a pena assistir

Não estou ganhando nada para mostrar. Rs.

Mas vale a pena assistir.


Análise dos preços dos combustíveis: cartelização ou competitivos?

É muito comum algumas pessoas reclamarem que os preços dos combustíveis estão caros e sugerem que há indícios de formação de cartel. Segundo o “Dicionário de Economia on line”, disponível em http://economiabr.net/dicionario, cartel é um “acordo realizado entre empresas independentes umas das outras, com o objetivo de limitar ou suprimir os riscos de concorrência”Essa prática é criminosa e as empresas condenadas por isso terão que pagar multa de 1% a 30% de seu faturamento bruto do ano anterior.

Mas é muito difícil de comprovar esse crime.

Uma forma é demonstrar que os preços são muito próximos, o que destrói a possibilidade de concorrência via preços.

Quando o produto é homogêneo, como é o caso dos combustíveis, a concorrência se dá praticamente via preços, ou seja, o consumidor irá sempre buscar o fornecedor com o menor preço.

Pois bem, no caso dos combustíveis, em Apucarana e em Arapongas, fica difícil de demonstrar essa prática, pelo menos pela ótica da diferença dos preços. Analisando o levantamento de preços realizado semanalmente pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) verificamos que os preços em Apucarana não são os maiores e que as diferenças de preços não são as menores. Veja tabela abaixo com os dados do levantamento realizado no período de 08 a 14/06/2014.

Calculamos o desvio padrão como porcentagem do preço médio aferido e constatamos que, no caso da gasolina, os preços praticados em Apucarana e Arapongas possuem os maiores valores percentuais de desvio padrão dentre os municípios selecionados. Os menores valores calculados ficaram para os preços médios de Londrina e de Maringá.

Já no caso do etanol o desvio padrão medido para os preços praticados em Apucarana foi o segundo menor, ficando atrás do valor de Cambé. Já Arapongas apresentou o maior desvio padrão como percentual do preço médio.

Com base nos dados é difícil de falar que não há competição via preços em Apucarana e Arapongas. Cabe ressaltar que, atualmente, existem outros elementos que buscam fidelizar o cliente.

Outro fator que temos que considerar são os custos de transação definidos pelo economista Ronald Coase, mas isso não foi abordado no texto. Fica para a próxima.


quinta-feira, 19 de junho de 2014

Lata d’água na cabeça

O Projeto de Lei nº 082/2014, em discussão na Câmara de Vereadores de Apucarana estabelece a obrigatoriedade de a Sanepar fornecer, gratuitamente, caixa d'água com capacidade mínima de 500 litros às famílias com renda igual ou inferior a três salários mínimos. Essas famílias terão direito ao benefício pelo prazo de dez anos quantas vezes for necessário.

Pode até ser polêmico o projeto. Ou melhor, ele é.

Antes que este texto seja objeto de vitupérios esclareço que o objetivo é o de estabelecer o debate e não o de achincalhar a opinião ou a proposta das pessoas envolvidas no processo.

Do ponto de vista da proteção social, mais especificamente no que tange ao acesso aos serviços públicos, dentre estes a água potável, saneamento básico e saúde, o projeto de lei é válido, meritório e digno de ser aprovado.

Por outro lado tem a alegação da empresa concessionária, a Sanepar, de que essa obrigatoriedade afronta o contrato de concessão e desequilibra a estrutura de precificação dos serviços prestados.

É claro para todos que, no modelo econômico atual, qualquer aumento de custo para uma empresa significa que haverá aumento dos preços dos produtos e/ou serviços. Desta forma temos como certo que se a empresa concessionária for “obrigada” a fornecer algum benefício para alguns usuários isto incorrerá em aumento das tarifas para todos e não somente para os beneficiários.

Outro assunto que pode ser debatido é a constante insistência de se obrigar alguém a fazer algo.

O fato presente é diferente do que ocorreu no dia 10 de maio de 1968, quando universitários franceses tomaram as ruas do Bairro Latino protestando contra a prisão de estudantes da Universidade de Nanterre, quando surgiu o grafite “É proibido proibir”, que foi eternizado na voz de Caetano Veloso.

Hoje estão querendo obrigar. Imaginem: daqui a pouco os supermercados serão obrigados a fornecerem cestas básicas, as lanchonetes a servirem lanches e as lojas a fornecerem roupas,..., de graça. Quem é que vai pagar a conta?

Temos que considerar, também, que quando alguém vai construir uma casa o projeto passa pela aprovação da Prefeitura Municipal e após sua conclusão é fornecido o “habite-se”, ato administrativo da autoridade competente que autoriza a utilização do imóvel construído. A expedição desse documento significa que a obra foi realizada seguindo todas as normas legais.

Paralelo a essa análise temos que a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) na sua norma sobre instalação predial de água fria, a NBR 5626, exige a necessidade de reservação de água, inclusive para combate a incêndio. Da mesma forma exige que se tenham reservatórios que preservem a potabilidade da água.

Desta forma temos que se alguém é culpado por existirem residências sem caixas d’águas em nosso município esses culpados são os profissionais que elaboraram os projetos sem os reservatórios ou a Prefeitura Municipal que aprovou o projeto e forneceu o “habite-se” sem verificar a existência do reservatório.

Com isso, quem é que deve fornecer as caixas d’águas para as residências que não as possuem?