Toda semana uma das primeiras notícias na área econômica que surge é a divulgação do Focus – Relatório de Mercado publicado pela Gerência-Executiva de Relacionamento com Investidores (Gerin) do Banco Central do Brasil (Bacen) que traz as expectativas do mercado financeiro sobre o comportamento de diversas variáveis importantes da economia brasileira.
É claro, que uma das expectativas mais comentada e que apresenta maior repercussão é a inflação acumulada para o ano. Não trataremos disso nesse momento. Vamos falar das expectativas quanto ao crescimento da economia brasileira para o ano de 2014.
As expectativas de mercado publicada pelo Bacen é feita com base nas análises das equipes de economistas das diversas instituições financeiras que atuam no mercado financeiro e após efetuar esse levantamento é calculado a mediana dos agregados. Mediana é uma medida de tendência central que localiza o centro da distribuição dos dados observados. Em outras palavras é o valor numérico que separa a metade superior dos dados observados da metade inferior.
Com base nos fundamentos apresentados pela economia brasileira e na forma com que o governo conduz a política econômica brasileira o mercado vem, semana a semana, reduzindo as expectativas quanto ao crescimento da economia.
No final do ano de 2013 esperava-se que a economia crescesse 2,50% em 2014, mas a forma com que o governo vem tomando suas decisões na área econômica está levando os analistas a ter uma visão mais negativa quanto ao desempenho econômico no ano de 2014.
No relatório divulgado hoje (30/06) a expectativa foi reduzida pela quinta semana consecutiva e agora se espera que a economia cresça somente 1,10%.
O crescimento da economia é uma variável importante e é medido pelo crescimento real (descontada a inflação) da produção total de bens e serviços de um país. Esse é o Produto Interno Bruto (PIB) que também é uma variável que deve ser acompanhado com muita atenção por parte dos formuladores de política econômica.
No curto prazo as autoridades econômicas, ou seja, o governo, deve se preocupar com cinco objetivos básicos: o controle da inflação, o crescimento econômico, o equilíbrio externo, o nível do emprego/desemprego e a distribuição de renda. Há certa dependência entre essas variáveis, pois uma inflação alta pode impedir o crescimento e afetar a renda real das pessoas, por exemplo.
No caso do crescimento econômico o entendimento é muito simples: se há baixo desempenho, as empresas vão produzir menos e, no curto prazo, a solução é dispensar/demitir funcionários ou de evitar contratações. Isso depende da situação específica de cada empresa. Com isso a massa salarial paga reduz o que pode realimentar a desaceleração da economia.
Inclusive esse cenário já está confirmado pelo próprio governo, que indicou na última ata do Comitê de Política Monetária (Copom), que a inflação ficará acima da meta, que é de 4,50%, podendo atingir o teto da meta que é de 6,50%, e de que o crescimento da economia será abaixo de 1,60%.
Desta forma, temos um cenário não muito favorável para 2014, com inflação em alta, baixo crescimento e possibilidade de aumento no desemprego. A situação está ruim, sim, e não parece que vai melhorar tão cedo. E o governo pode piorar ainda mais a situação se resolver promover um aumento dos gastos públicos no segundo semestre, o que é muito comum em época de campanha eleitoral. É claro que os bitolados defensores do governo irão criticar e negar essa possibilidade, mas tenho isso como algo concreto e muito possível de acontecer.
2014 já está sendo ruim e 2015 promete ser muito difícil.
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