A crise política pode até estar ficando um pouco mais branda, entretanto seus reflexos na economia irão ser sentidos por muito tempo. Os malfeitos políticos e econômicos dos agentes políticos, que nós elegemos, irão levar a economia brasileira a patinar mais uns anos.
O Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre de 2017 cresceu 1% em relação ao último trimestre de 2016, interrompendo uma série de oito trimestres consecutivos de queda. Há uma tentativa de reação e de ruptura no processo recessivo de nossa economia.
Entretanto temos que entender que o PIB é composto pelo consumo das famílias, pelo consumo do Governo, pela formação bruta de capital fixo (investimento) e pela diferença entre exportações e importações, que é o saldo da balança comercial. Portanto a evolução do PIB depende da evolução de todos estes componentes e somente as exportações é que tiveram uma variação positiva no começo deste ano. O consumo das famílias que, historicamente, era o combustível de nossa economia encolheu 0,1%. Da mesma forma, o consumo do Governo encolheu 0,6% e o nível de investimentos encolheu 1,6%, no mesmo período.
Já as exportações aumentaram 4,8%, puxados pela excelente evolução do setor agropecuário contra uma evolução tímida do setor industrial (0,9%) e uma neutralidade do setor de serviços.
Como há uma grande incerteza sobre o cenário político, se fica Temer ou se sai Temer, se as reformas serão aprovadas pelo Congresso Nacional e se irão surgir outros escândalos e coisas do gênero os agentes econômicos ficam desconfiados e reduzem as suas pretensões de investirem no setor produtivo. Com efeito, a expectativa é de que o nível de investimentos caia pelo quarto ano consecutivo. O mesmo deve ocorrer com o consumo das famílias, uma vez que, com a redução do nível de investimentos, não há a perspectiva de aumento de geração de empregos, principalmente no setor industrial.
Nesta equação econômica restam o consumo do Governo e o saldo da balança comercial. O setor público dificilmente aumentará seus gastos, até porque a estratégia do governo federal é de reduzir o déficit, portanto não teremos muitas alternativas para o crescimento da economia em 2017.
A salvação da pátria ficará, novamente, por conta do setor agropecuário, ou seja, a salvação da lavoura. Se isto impulsionasse o setor agroindustrial poderíamos ter uma ponta de esperança quanto à redução do desemprego, mas a Pesquisa Industrial Mensal, do IBGE, apresentou que a produção industrial no mês de abril caiu em 6 dos 14 estados pesquisados. E esta queda foi determinada em grande parte pela atividade industrial no setor de produtos alimentícios. A expectativa é de que o setor industrial cresça cerca de 1% em 2017. Muito pouco.
A projeção de crescimento da economia brasileira para 2017 deve ficar entre 0,3% e 0,5%, perspectiva pífia para o tamanho da necessidade e a urgência que nosso país tem para que ocorra a retomada do crescimento.
Muitos empresários gostariam de receber notícias de que a economia está retomando o crescimento e que as coisas estão começando a melhorar. A preocupação deles não é somente para que tenham lucros, mas para que tenham uma perspectiva de que consigam faturar um mínimo para garantir o pagamento de suas despesas mensais.
A verdade é que há uma “paradeira” geral no movimento do comércio, o que implica em menos pedidos para a indústria. O maior exemplo de confiança em nosso país está nos empresários, que estão mantendo os empregos mesmo diante das adversidades. Mas tudo tem um limite. Se os agentes políticos não derem conta de reverterem a crise política para que a economia retome os rumos do crescimento até a capacidade destes empresários em manterem suas atividades pode esgotar e as coisas poderão se agravar, ainda mais. Infelizmente estamos “nas mãos” dos agentes políticos.
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