sábado, 3 de junho de 2017

Crise gerando crise

Uma crise nada mais é do que o agravamento de alguma situação ou mesmo um momento perigoso em determinada conjuntura e que exige decisões para saná-lo. É como se alguém estivesse doente e o seu quadro se agravasse e outra pessoa tivesse que medicá-lo para restabelecer a sua saúde.

É sabido que quando existe uma crise econômica em algum país ou região do planeta as economias que mantém relações econômicas direta ou indireta com as economias em crise podem ser “contaminadas”. Com isto a crise econômica externa se transforma em crise econômica interna.

Já quando se tem um cenário de crise econômica interna têm-se que tomar medidas para reverter o quadro sob a pena de ter a crise econômica se transformando numa crise política interna. Da mesma forma, temos como claro que quando há uma crise política ocorre a retroalimentação da crise econômica.

Pois bem, isto é o que aconteceu com o Brasil desde o ano de 2008. O mundo “fervendo” e se preocupando com a crise econômica e o Presidente Lula dizendo que não seríamos afetados, pois o que era um “tsunami” para os outros para nós seria apenas uma “marola”.

A marola se transformou num tsunami. Realmente gozávamos de bons indicadores econômicos à época, entretanto isto não significava que estaríamos imunes a qualquer advento econômico. Os formuladores de políticas econômicas deviam ter implementado políticas para manter o cenário conjuntural. Porém, a vontade política prevaleceu e nada se fez. Com isto, à partir de 2011 nossa economia entrava em crise econômica com o recrudescimento de vários indicadores econômicos.

PIB, inflação, câmbio, juros, resultado primário e nível de emprego tiveram perturbações em seus resultados e o Brasil entrou numa crise econômica profunda. Não demorou muito para que a inércia e arrogância do governo federal transformasse a crise econômica em crise política.

Após o impeachment da presidente Dilma e assunção de Temer os ânimos pareciam que iriam melhorar e surgiram medidas e reformas na área econômica que apontavam que nação retomaria os rumos do crescimento econômico. 

Só que não. O governo Temer foi envolvido em diversas denúncias e acusações de crimes que acabaram por agravar a crise política. Agora temos que a crise política está retroalimentando a crise econômica e mais nenhum analista arrisca afirmar o que pode vir a acontecer com a economia brasileira. Podem apontar, mas não afirmar.

A inflação está sob controle? Não, ela está reduzindo por conta da falta de crescimento e da falta de renda disponível para aquecer a economia. O nível de emprego aumentou? Os números são positivos, porém imperceptíveis diante do volume de desempregados existentes. O PIB do primeiro trimestre do ano cresceu 1% em relação ao último trimestre de 2016. Porém, não temos nada para comemorar uma vez que este crescimento ocorre sobre uma base que foi reduzida aos indicadores do ano de 2010.

Com o agravamento da crise política o Congresso Nacional aponta para uma discussão mais lenta das reformas necessárias para o país e uma boa parte dos agentes políticos estão mais preocupados em não serem arrolados em denúncias e delações premiadas. Com efeito, temos um verdadeiro estado de paralisia que pode demorar muitos anos para ser revertido.

É certo que a legitimidade de Temer para governar se exauriu. Porém a linha sucessória não apresenta nomes com “pedigree” para comandar nosso país num processo de transição e muito menos de reversão da crise. Com isto, uma solução seria a saída de Temer e a realização de eleição indireta, nos termos da Constituição Federal, o mais rápido possível. Com a saída de Temer, qualquer caminho diferente, que não a eleição indireta, pode ser considerado como um golpe ao estado democrático de direito.

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