Nosso país está convulsionando. Muitas pessoas podem dizer que isto é comum no Brasil, só que as coisas estão tomando rumos extremamente graves que pode potencializar um aumento significativo de mortes. É claro que a temática abordada é a pandemia do Covid-19 e as estratégias brasileiras para o seu enfrentamento.
Muitos países também estão passando pelo mesmo problema brasileiro e alguns já passaram. Em todos os casos ocorreram grande quantidade de infectados e muitos óbitos. Agora qualificar se a quantidade de óbitos foi alta ou baixa, já é uma questão difícil de avaliar. Estatisticamente falando a letalidade do vírus pode até ser considerada baixa, porém, humanamente falando não podemos aceitar sequer uma morte.
O grande motivo da convulsão citada é justamente o embate travado entre parcela da população (incluindo parcela de nossos agentes políticos) que prega o isolamento social como medida eficaz para amenizar os episódios de contágio e, consequentemente, de óbitos e outra parcela que está preocupada com os efeitos econômicos que o isolamento ocasionará na economia.
As alegações de ambos os lados são factíveis e aceitáveis, porém não podemos colocar a situação como sendo uma dicotomia, onde se colocam duas posições, ações ou eventos como sendo antagônicas. Nesta situação não se tem um antagonismo, mas ações complementares e dependentes.
Diversas manifestações com carreatas e buzinaços ocorreram nesta semana para pressionar prefeitos para liberarem a abertura do comércio em suas respectivas cidades. As alegações são coerentes e devem ser consideradas, poderá gerar desemprego e crise com a falência de muitas empresas de micros e pequenos portes. Na realidade, já está ocorrendo desemprego.
Os impactos na economia já começaram independente do fechamento (ou não) do comércio em algumas cidades. O próprio governo federal já revisou a expectativa de crescimento da economia, que na semana anterior era de 2,1% para o ano de 2020, para 0,02% após o início da pandemia no país. Portanto, é claro que haverá aumento do desemprego.
Agora, com o fechamento do comércio por algumas poucas semanas este problema irá se agravar, sim. Haverá empresas que demitirão funcionários porque não irão conseguir manter os seus custos fixos e os salários. Muitos empresários correrão risco de ter que encerrar atividades.
Agora indicar que o isolamento social não é necessário é um erro que custará muitas vidas. Não podemos aceitar e nos conformar com a afirmação do Presidente de que “infelizmente algumas mortes terão. Paciência”. Isto poderia ser considerado criminoso.
O isolamento social serve, também, para reduzir a chamada “curva” do coronavírus. O objetivo disto, num primeiro momento é diminuir a velocidade de crescimento do contágio para evitar sobrecarga no sistema de saúde. Se o sistema de saúde colapsar, daí sim ocorrerá um volume muito maior de contaminação e óbitos e os impactos sobre a economia serão ainda mais devastadores.
O que está demorando acontecer no Brasil é o governo federal, principalmente o Presidente, assumir o protagonismo positivo de enfrentamento a crise e anunciar medidas efetivas para auxiliar a parte econômica.
Quem tem que dar solução para a crise econômica com medidas que garantam renda para as pessoas comprarem alimentos é o governo. Também tem que ter medidas de socorro e apoio aos micros, pequenos e médios empresários para manterem seus empreendimentos. O governo não pode permitir que uma quebradeira de empresas ocorra no país. As ações divulgadas até o presente momento são superficiais e precisam ser potencializadas.
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