Ninguém sabe ao certo quando é que a pandemia irá acabar. Nem mesmo sabemos em que estágio da “curva” de contaminação nosso país está. Enquanto isto o Brasil vai contando seus mortos, sem que isto abale o astral ou gere sequer uma nova ruga no semblante do presidente da República. As preocupações dele são outras.
A pandemia trouxe consequências danosas para a economia mundial e a atividade econômica está sofrendo efeitos negativos muito vigorosos, como o aumento do desemprego, redução da renda média da população e o seu consequente empobrecimento. Isto sem falar no contingente de pessoas e famílias que romperam a linha da pobreza, passando a ser consideradas miseráveis. Economicamente falando miseráveis são as pessoas que vivem em condições de miséria, a extrema pobreza.
O dado mais atual sobre a extrema pobreza no Brasil é referente ao ano de 2018 e foi divulgado em novembro passado através da Síntese de Indicadores Sociais (SIS), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 2018 atingimos nível recorde de pessoas vivendo em condições de miséria: 13,5 milhões de brasileiros. É claro que os efeitos econômicos da pandemia pioraram (e ainda piorarão) estas estatísticas.
As estratégias de isolamento e distanciamento sociais adotadas por muitos países reduziram a demanda global e por conta disto o nível de atividade caiu drasticamente. No Brasil, embora não tenhamos praticado o isolamento social estamos sofrendo os efeitos econômicos desta prática no resto do mundo somados aos do distanciamento social aplicado por aqui.
Por conta disto nossa economia deverá encolher cerca de 6%, de acordo com as estimativas dos analistas do mercado financeiro. Mas há quem acredite que a queda será maior, cerca de 8%. Na realidade ainda não é possível dimensionar “o tamanho do buraco” que poderá ser ampliado pelo negacionismo bolsonarista acerca da relevância da crise sanitária mundial.
Dados da PNAD dão uma pequena mostra do que nossa sociedade terá que enfrentar: a população ocupada teve uma redução de cerca de 5 milhões de pessoas no trimestre móvel encerrado em abril e comparado com o trimestre encerrado em janeiro deste ano. De forma geral apresenta que o número absoluto de pessoas desocupadas aumentou em 898 mil, na mesma análise. Porém, outros dados divulgados também preocupam, como: a população subutilizada, a população fora da força de trabalho, a população desalentada, a quantidade de trabalhadores por conta própria e a taxa de informalidade.
Neste contexto caótico temos a certeza de que a economia irá se recuperar. Demorará muito tempo, mas se recuperará. Muitos poucos economistas arriscam prever como e quando se dará a recuperação de nossa economia. O ministro Paulo Guedes afirmou que o mundo irá se surpreender com o desempenho econômico brasileiro pós-pandemia. Só ele acredita nisto. Ninguém mais. Na verdade é difícil de saber se ele mesmo acredita nisto ou está somente tentando motivar as pessoas. Mas pode demorar cinco anos, e a economia se recuperará.
O que não se recupera são vidas humanas. E o negacionismo citado somado à grande popularidade do presidente pode vulnerabilizar uma parcela da população, as expondo ao risco de contaminação. Isto sem falar numa possível segunda onda da Covid-19.
O ano de 2020 não está sendo nada bom. A pandemia mudou completamente a vida das pessoas e também das empresas e depois deste ano muitas coisas irão ser tratadas de forma diferente. Ainda não é possível dimensionar estas mudanças, mas o que é certo é que não sabemos como será o dia depois de amanhã.
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