A recuperação da economia após o término da pandemia começa a ser discutida por muitos agentes políticos. O governo federal não deixou claro se está discutindo isto e se está não fez nenhum comentário. Alguns governadores anunciam que também estão discutindo o tema. Daqui a pouco, por conta de 2020 ser um ano eleitoral, até prefeitos vão divulgar que estão discutindo a retomada da economia.
Estes debates acerca de como funcionará a economia após o fim da pandemia não pode ficar restrito aos palacetes acarpetados dos mandatários e de seus círculos restritos de assessores. Tem que haver publicidade dos caminhos que estão sendo traçados, pois o comportamento do setor público irá repercutir diretamente na vida de todos os cidadãos.
Antes da crise atual a economia brasileira estava passando por uma crise fiscal sem precedentes. Isto tem relação com as receitas e com as despesas públicas e o atual quadro econômico está agravando a situação fiscal brasileira. Com efeito, num futuro próximo haverá necessidade de um esforço maior para tentar equilibrar as finanças públicas.
É isto que nossos governantes não querem discutir publicamente, pois as soluções discutidas podem não ser tão agradáveis para a totalidade da sociedade, principalmente para os mais pobres.
Esta opinião se fundamenta no fato de que no momento atual as receitas públicas estão reduzindo por conta do baixo nível de atividade econômica. Entretanto, as despesas não acompanham este movimento. Pelo contrário. Em muitos casos as despesas públicas estão aumentando. Por conta disto há previsão de aumento do déficit público para este ano.
Muitas pessoas podem achar que o déficit do setor público não atinge suas vidas. Ledo engano. Atinge a todos, e de forma mais violenta as famílias mais pobres. O desequilíbrio nas contas públicas é compensado com o aumento do endividamento do setor público e para conseguir fazer os empréstimos necessários pode ocorrer o aumento dos juros básicos da economia que afeta negativamente a capacidade e interesse de investimento das empresas. Daí a atividade econômica arrefece, desacelera, podendo estagnar ou mesmo reduzir. Isto gera mais desemprego e queda na renda das pessoas.
Por conta disto é preciso começar a discutir a retomada da economia e neste contexto discutir como o setor público terá que atuar. Como deverá ser realizada a política fiscal da União, dos estados e dos municípios. Esta discussão não pode ficar restrita, deve ser ampla. A forma com que nossos agentes políticos decidem arrecadar e, principalmente, como decidem gastar os recursos públicos é de interesse de todos.
É certo que eles estão discutindo formas de arrecadar mais para cobrir o rombo nas contas públicas, mas devem discutir o “como gastar”. Como que devem ser gastos os recursos públicos disponíveis. Deve haver mais transparência e mais participação da sociedade nestas discussões, pois as notícias de corrupção e desvios de recursos públicos continuam “pipocando” diariamente, e não há transparência suficiente dos gastos públicos.
O mundo não será o mesmo após a pandemia do coronavírus e, certamente, a economia também não. Quem acreditar que nada mudará está vivendo como Alice, no país das maravilhas. Alguém ou alguns terão que levar esta notícia para eles. Fazer o papel de Rowan, personagem do conto do jornalista americano Elbert Hubbard, intitulado “Mensagem a Garcia”.
Todas as pessoas devem se preocupar como está sendo gasto o dinheiro público, pois disto depende o tempo de recuperação de nossa economia. Disto depende a redução do desemprego.
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