terça-feira, 22 de março de 2022

O investimento necessário

Uma das metas de políticas econômicas que irão constar nas propostas de todos os candidatos à presidência da República e mesmo nas propostas dos candidatos aos governos estaduais é o crescimento econômico. O crescimento econômico depende do consumo das famílias, do consumo do governo, do investimento privado e do saldo da balança comercial. Isto pela ótica da despesa.

Numa análise da nossa contabilidade do crescimento dos últimos quatorze anos temos que o consumo das famílias representaram cerca de 62,5% da composição do Produto Interno Bruto (PIB) médio realizado, seguido pelos gastos governamentais com a média de 19,5%, do investimento privado com média de 18,6% e das exportações líquidas com média de -0,6%. No ano de 2008 tal composição era diferente e o investimento privado respondia por 21,6% do PIB nacional.

Com as sucessivas crises econômicas que vivenciamos neste curto espaço de tempo o investimento privado foi desestimulado pelas incertezas e desconfianças do governo e pela escalada dos juros da economia. Há uma relação inversamente proporcional entre os juros básicos da economia e o nível de investimento privado, que é fundamental para o crescimento econômico, haja visto que é responsável por cerca da quinta parte do nosso PIB.

Como os juros se mantiveram em elevação ao longo do ano de 2021 e há uma tendência de se manterem em níveis elevados em 2022, para que tenhamos um desempenho satisfatório, outro agente econômico terá que compensar uma possível redução nos níveis de investimento privado. Quando isto acontece é comum o governo federal ou mesmo os estaduais promoverem política fiscal expansiva através do aumento dos gastos públicos. Isto foi realizado de forma evidente no ano de 2020 e em 2021 os governos não repetiram os desempenhos, o que viabilizou um superávit primário no setor público consolidado.

O setor público de certa forma buscou contribuir com o crescimento econômico através do aumento de suas despesas: no período de 14 anos a despesa pública cresceu a uma taxa anual de 3,26%. Por outro lado, a receita cresceu somente 2,09% ao ano, no mesmo período. Este contraste levou as contas públicas a um déficit primário recorrente. Mesmo assim ficou garantido um crescimento econômico positivo em alguns momentos e uma amenização da recessão em outros.

Porém, dentro da composição das despesas do governo federal temos que o nível de investimento vem apresentando uma redução significativa no período de 2008 a 2021. O nível de investimento do governo central brasileiro vinha crescendo até o ano de 2014. De lá para cá ocorreram reduções sucessivas somente interrompidas pelo nível de investimento no ano de 2020 para o combate à Covid-19 e retornando a cair no ano de 2021.

No período de 2008 a 2021 o investimento do governo central brasileiro caiu a uma taxa de 0,23% ao ano, sendo que no período de 2008 a 2014 apresentou crescimento de 12,14% ao ano e no período de 2014 a 2021 ocorreu uma reversão e apresentou uma redução de 4,15% ao ano.

Nos últimos oito anos o investimento público reduziu muito com destaques para os investimentos nas áreas sociais, tais como: saúde (-7,11%), educação (-10,54%), cultura (-15,19%), habitação (-21,47%) e previdência social (-19,79%), dentre outros.

Independente da recuperação do nível de investimento privado na economia brasileira é necessário que o nível de investimento do setor público seja imediatamente recomposto, e principalmente nas áreas sociais, pois um povo fraco e pobre retroalimenta a pobreza e potencializa a miséria.

 

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