Há várias formas de se analisar a pobreza, sendo que as mais utilizadas combinam os níveis de renda com aspectos relativos ao bem-estar das famílias, ou seja, possuem uma abordagem multidimensional.
No Brasil o governo federal criou o Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (Cadastro Único) que se trata de procedimentos que visam identificar e caracterizar famílias e pessoas de baixa renda. Com este cadastro é possível mapear as respectivas condições socioeconômicas. Além se servir de referência para os programas sociais, como o Renda Brasil (antigo Bolsa Família), também pode (e deve) ser utilizado para subsidiar outras políticas públicas.
Só que estas políticas não podem ficar restritas a ações do governo federal, os governos estaduais e municipais também podem (e devem) planejar políticas públicas próprias e específicas para redução da pobreza e da extrema pobreza dentro de seus territórios.
Para se ter uma ideia das grandezas das dimensões da pobreza e da extrema pobreza em nosso país, em agosto de 2012 haviam 63,7 milhões de pessoas em condição de pobreza e de extrema pobreza no país, praticamente um terço da população total. Com as políticas e programas sociais implementados esta relação diminuiu muito e, em dezembro de 2018, o total de pessoas pobres e extremamente pobres no Cadastro Único caiu para 47,4 milhões (22,7% da população total).
Só que com os eventos recentes e a pandemia tivemos um aumento do total de pessoas em condições de pobreza e extrema pobreza inseridas no Cadastro Único. Em fevereiro deste ano o total subiu para 55 milhões de pessoas nestas condições (25,7% do total).
Este mesmo cenário se reproduz nos estados e nos municípios, ou seja, a pobreza e a extrema pobreza estão aumentando. No caso do Paraná, em dezembro de 2018, haviam 1,3 milhão de pessoas (aproximadamente 11,4% do total) em condições de pobreza e extrema pobreza no Cadastro Único e atualmente totalizam 1,7 milhão de pessoas (aproximadamente 14,7% do total).
O combate a estas mazelas sociais são necessárias e extremamente importantes para o conjunto da sociedade. Além de questões humanitárias, sociais, temos as econômicas. Fazendo uma análise estritamente econômica do ponto de vista do crescimento econômico temos que, com a melhora da renda dos mais pobres há um aumento do consumo, o consequente aumento do nível de investimento privado e maior arrecadação de impostos para o setor público que reduz seu déficit ou pode aumentar seus gastos. Este último repercute positivamente no crescimento do produto.
A redução da pobreza e da extrema pobreza passam pela redução das desigualdades sociais e isto somente é possível com políticas públicas específicas para isto. O que muitas pessoas não se atentam é que os orçamentos públicos servem como uma ferramenta poderosíssima de desenvolvimento regional, financiando políticas de proteção aos mais vulneráveis e de redução das desigualdades sociais.
Um papel fundamental dos cidadãos é o de participar dos processos de elaboração e execução dos orçamentos públicos, garantindo ações efetivas de proteção social e redução das desigualdades. Isto é possível. Dinheiro tem, resta ser aplicado para este fim.
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