O primeiro problema será conseguir conciliar as necessidades sociais existentes com as “promessas” de campanha. A questão fundamental é: de onde sairá o dinheiro para tudo isto? As contas públicas estão muito tensionadas e o desajuste não pode perpetuar. Sempre quando se ampliam os gastos muito acima da capacidade de arrecadação gera um endividamento que terá que ser pago com a renúncia de gastos no futuro. Quais serão as áreas contempladas com os futuros cortes de recursos?
Pelo histórico dos governos recentes sabemos que os gastos sociais (saúde, educação, segurança, previdência e assistência social, trabalho, organização agrária, cultura e desporto e lazer) sempre foram os elegíveis para estes cortes. Não acredito que proporão reduzir recursos nas chamadas emendas do relator ao orçamento. Este modelo de coalisão veio para ficar. Pelo menos para os grupos políticos que estão disputando o atual pleito.
Passado o período de campanha eleitoral teremos como resultado um país dividido em todos os níveis. Não estou falando de grandes regiões ou estados. Me refiro a grupos sociais e até famílias que se polarizaram vigorosa e, em alguns casos, violentamente em defesa de seus políticos de estimação. Estas defesas foram executadas como se realmente acreditassem que um ou outro lado pretende resolver os problemas de nosso país. Não acredito.
Neste ano iremos crescer entre 2,5% e 3% e muitos comemoram como se todos os problemas estivessem resolvidos, mas o desemprego ainda se coloca como persistente e o rendimento médio real está sendo corroído pela inflação. Nos próximos anos não cresceremos nesta mesma taxa média por vários motivos. Primeiro, porque a economia mundial está desacelerando e o Brasil acompanhará este movimento. Não somos uma ilha de prosperidade no meio do caos.
Segundo, porque o governo de plantão terá que fazer os ajustes fiscais necessários para equilibrar as contas públicas. Qualquer tentativa de manter a intensidade dos gastos atuais implicará num aumento dos juros e na fuga de investimento estrangeiro, o que agravaria a situação do crescimento econômico. Outro motivo é a ausência de politicas públicas para melhorar a dinâmica econômica das diversas regiões brasileiras. Somamos a isto uma defasagem no sistema educacional, causada em parte pela pandemia, que apresenta problemas estruturais que sempre são desconsiderados nas reformas necessárias, um sistema de saúde pública carente de financiamento e o crescimento da população. Temos a “tempestade perfeita”.
A expectativa é de um crescimento econômico médio anual para os próximos quatro anos inferior a 2%, uma inflação média anual em torno de 3%, juros da economia elevados e uma dívida líquida do setor público que poderá saltar dos atuais 58,5% do PIB para 68% do PIB ao final do ano de 2026. Este deve ser o real debate social.
O debate atual está distorcido por paixões ideológicas que dividem o país e permitem que as pautas particulares de pequenos grupos de interesses prevaleçam diante das pautas relevantes para o conjunto da sociedade. Espero que a partir da próxima semana as pessoas sejam mais tolerantes uns com os outros e se unam num objetivo único em torno da proposta de termos um país melhor para todos e não para poucos.
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