Os primeiros sinais do governo eleito preocupam pelo fato de insinuarem que irão precisar de uma “licença para gastar”, pois há a intenção de se recompor os cortes realizados pelo atual governo no orçamento do próximo ano, principalmente no programa Farmácia Popular e nos subsídios para habitação para os mais pobres. Mas o esforço será muito maior para se manter o auxílio emergencial no valor de R$ 600 mensais e para garantir um aumento real para o salário mínimo.
Todas as medidas são louváveis e socialmente necessárias, porém estes ajustes irão gerar um déficit nas contas públicas ainda mais profundo. Até semana passada a expectativa acerca do resultado primário para o ano de 2023 era de déficit na ordem de 0,5% do PIB e de equilíbrio para os anos de 2024 a 2026. Mas se estes ajustes se concretizarem sem um corte em outras áreas teremos déficits primários persistentes, o rombo tenderá a aumentar e a dívida líquida do setor público poderá chegar a 70% do PIB nos próximos quatro anos. Este ano deverá fechar em torno de 58%.
O grande compromisso do candidato eleito é o de cumprir com os direitos sociais da população, o que implica em potencializar os gastos com saúde, educação, segurança, previdência e assistência social, trabalho, organização agrária, cultura e desporto e lazer. A ação proposta é exatamente o contrário do atual governo que sinalizava para cortes nestas áreas.
Como era previsto nosso país sai do pleito dividido. A intolerância e a ignorância imperam e a inteligência e a liberdade estão sendo ameaçadas. O que será que passa na consciência dos intolerantes? Somente eles podem refletir sobre isto. Até porque não conseguimos penetrar na consciência deles. E o que é a consciência? A sua definição é complexa e têm múltiplas significações. O que podemos ter clareza é que a ausência de conhecimento, a ignorância, e o fanatismo oprimem a consciência e colocam em risco a justiça e a verdade.
Temos que virar esta página e “tocar a vida para frente”. Precisamos debater alternativas para o nosso país. Precisamos de crescimento econômico. Precisamos de união. Somente assim será possível minimizar os danos para as contas públicas. Sem isto o governo terá que manter os juros básicos da economia elevados e a inflação irá corroer a renda da população.
Não tivemos ainda um sinal do governo eleito acerca de como pretendem idealizar a nova âncora fiscal, uma vez que o teto dos gastos já pode ser considerado ferido de morte. Insisto que não podemos perder o momento da transição para discutir as pautas relevantes para o conjunto da sociedade. Se não aproveitarmos este momento poderemos continuar sofrendo as consequências danosas de nossa omissão.
Como cantava Léo Jaime: “os melhores momentos do mundo não são manchetes no jornal”. Temos que mudar isto e fazer com que os nossos melhores momentos comecem agora.
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