Mais recentemente, participei com outro grupo de estudos na Universidade Estadual do Paraná (Unespar) e realizamos uma análise da eficiência do gasto público com atenção básica em saúde de todos os municípios do estado do Paraná. Ficou evidente a falta de estratégia de gestão ao identificarmos a baixa correlação entre os gastos e os resultados esperados. Em alguns casos a correlação foi negativa, ou seja, quanto mais aumentavam os gastos os indicadores de saúde pioravam.
Há inúmeros estudos similares sobre a eficiência do gasto público e estes estudos não são realizados somente no Brasil. Isto demonstra a preocupação mundial com a eficiência dos gastos no financiamento das políticas públicas. Na atualidade estou participando de um estudo com professores da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) que visa analisar a eficiência do gasto público com atenção básica em saúde de todos os municípios do Paraná, desta feita com outras metodologias e novas ferramentas de análise. Os dados preliminares preocupam.
Me deparei com um estudo realizado pelo Banco Mundial intitulado “Um Ajuste Justo: análise da eficiência e equidade do gasto público no Brasil”. O trabalho é do ano de 2017, mas os resultados são válidos, pois são questões estruturais que demoram muito tempo para se alterarem. O trabalho compara os dados dos municípios do Brasil com os de outros países e concluiu que poderíamos melhorar em 9% os resultados de saúde aplicando-se os mesmos recursos.
O mesmo estudo também revelou que os municípios brasileiros apresentam uma ineficiência média de 37% nos serviços primários de saúde e de 71% nos serviços de saúde secundária e terciária. Temos muito espaço para melhorar a prestação de serviços de saúde utilizando o mesmo nível de recursos.
Venho insistindo no acompanhamento dos gastos públicos e percebo que a população em geral acaba não acessando tais informações. É claro que em muitos municípios as “coisas” acabam acontecendo e por isto não se preocupam em analisar a eficiência dos gastos. Muitas vezes esta função é “delegada” aos chamados representantes do povo, ou seja, os vereadores. Mas que também acabam não acompanhando de forma efetiva. Também há o controle social, mas há perseguições políticas que limitam sua atuação.
Acompanhar o gasto público deveria ser um dever de todo cidadão e estes deveriam, sempre, duvidar das atitudes de nossos representantes políticos, quer sejam vereadores, deputados ou senadores. Sempre temos que questioná-los sobre as suas ações de controle e fiscalização.
Se não acompanhamos a forma com que o dinheiro público é gasto nossos gestores se sentem à vontade para não se preocuparem com a eficiência e muitos serviços podem deixar de serem executados pela má aplicação dos impostos que pagamos. Temos que desafiar os cidadãos a se preocuparem mais com isto. Basta começar a “bisbilhotar” nos portais de transparência dos municípios e questionar. Quem sabe assim as coisas comecem a melhorar.
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