domingo, 11 de outubro de 2015

Nau à deriva

A equipe econômica do governo federal está composta por excelentes profissionais. Entretanto, podemos entender esses técnicos como sendo a tripulação de uma embarcação que está à deriva, sem voga e sem direção, mas com uma forte ventania.

Nessa metáfora a voga, que é o ritmo das remadas, inexiste, o que obriga a se utilizar das “velas” para dar velocidade à embarcação, que por sua vez representa a economia brasileira. Com efeito, os fortes ventos, que são as ocorrências do mercado e o comportamento das variáveis macroeconômicas, imprimem movimentos fortes que podem degradar, ainda mais, o cenário econômico de curto prazo.

Esta embarcação possui quase toda a tripulação, mas está faltando o principal posto, o comandante.

Nesta semana a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, citou o Brasil como um dos países “em território negativo em termos de crescimento”. Já o presidente do Banco Central do Brasil (BC), Alexandre Tombini, afirmou que o BC irá manter a atual política monetária num reconhecimento da escalada da inflação e da depreciação cambial e a presidente Dilma sancionou mais um aumento, a da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) de instituições financeiras e está tentando aprovar a volta da CPMF.

Não obstante, os Estados Unidos, o Japão e mais dez países firmaram o “Tratado Transpacífico” que irá reduzir as exportações brasileiras em até 2,7%. Como resultado de todos estes eventos econômicos o desemprego entre jovens brasileiros tenderá a aumentar, as vendas no varejo devem registrar queda de 7% em 2015 e a dívida bruta do Brasil deverá aumentar como resultado da atuação do BC para conter o aumento do dólar e a inadimplência,  dentre tantas outras coisas ruins que continuarão assolando o brasileiro.

Em resumo: a economia não irá crescer nem este ano e nem nos próximos dois anos, a inflação está acima do teto da meta e em 2016 estará acima do centro da meta, o câmbio irá se manter próximo de R$ 4,00, os juros deverão aumentar, o investimento estrangeiro direto irá reduzir e haverá aumento de desemprego.

Tudo isto porque estamos sem comandante. Este cenário é perfeitamente reversível, mas com a demora em se tomar as decisões corretas e necessárias esta reversão ocorrerá somente no médio prazo, ou seja, daqui a quatro anos ou mais.

Com o desempenho traçado para nossa economia estamos voltando para as condições existentes no ano de 2011, ou  seja, o governo Dilma está fazendo o Brasil “andar para trás” quando o mundo está crescendo acima de 3% ao ano e o grupo das economias em desenvolvimento e mercados emergentes cresceu 4,6% em 2014 e tem projeções de crescimento de 4,2% em 2015 e de 4,7% em 2016. Portanto a fala do governo de que o mundo está passando por uma forte crise é falácia.

O Brasil está sendo “um deserto em pleno mar”. Precisamos de um comandante, urgente, senão nem em 2018 a situação poderá melhorar. 

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