Com a recessão dos anos 2015 e 2016 e o baixo crescimento dos anos de 2017 a 2019 nossa economia tem operado com níveis equivalentes ao do ano de 2012. Já com a queda do PIB prevista para este ano nossa economia recuará ainda mais e irá operar com o PIB equivalente ao do ano de 2010. Em 10 anos tivemos crescimento praticamente nulo, o que podemos considerar como sendo outra “década perdida” em termos de crescimento econômico.
Por mais que o governo federal tente criar debates polêmicos em áreas diversas, com discursos populistas e bravatas palatáveis para seu séquito não consegue criar uma cortina de fumaça capaz de esconder a letargia existente na condução da política econômica. Não conseguimos identificar ações concretas que possam acelerar a retomada do crescimento econômico, condição necessária para a geração de emprego e melhoria da renda da população. Sem crescimento econômico não avançaremos para um condição de bem estar social.
Mais uma vez nos deparamos com o problema econômico essencial da escolha, onde é necessário efetuar a aplicação adequada dos recursos escassos existentes para fazer frente às necessidades ilimitadas da população. São questões tecnológicas que devem ser respondidas de forma eficiente para melhor prover nossa sociedade de bens e serviços, o que redundaria no aumento da produção e da geração de emprego e renda.
Para que isto ocorra muitas decisões devem ser tomadas, só que não é isto que estamos vendo. Não estamos vendo o governo federal assumir o protagonismo econômico esperado, uma vez que não apresenta as reformas necessárias para nossa economia. Muito se falou de reformas nas últimas décadas. Desde o governo Sarney, passando por Collor, Itamar Franco, FHC, Lula, Dilma e Temer e chegando em Bolsonaro, muito de falou e pouco foi feito.
A reforma da Previdência, a mais robusta até o presente momento, poderá se tornar cosmética diante do aumento dos gastos públicos e do desequilíbrio nas contas públicas, o que está gerando aumento do endividamento e na incapacidade de o governo gerenciar crises com política fiscal expansiva.
Não fazer uma reforma tributária implica em manter os custos de produção elevados, sendo que ainda se tem o risco de sofrermos aumentos destes custos. Isto seria mais um freio na retomada do crescimento econômico e na consequente saída do ciclo da “década perdida”.
A média do crescimento econômico brasileiro do ano de 1981 até 2019 é muito baixa se considerarmos o crescimento da população e a evolução tecnológico ocorrida no mundo inteiro e os líderes que passaram pelo governo e suas equipes econômicas não conseguiram dar conta de romper com os paradigmas existentes.
E isto vem se replicando de ano em ano, de eleição em eleição. Escolhemos gestores que não conseguem fazer o que é necessário para a população. Este modelo tem que ser mudado. A população, através de seus eleitores, deve prover mudanças no setor público através da escolha de pessoas que estejam preparadas para fazer as transformações necessárias e não escolher aqueles que mais lhe agradam com discursos doces e afáveis, mas sem conteúdo.