Em questão de variação percentual este ano teremos a maior retração do PIB dos últimos 59 anos. Muitos brasileiros não presenciaram situações tão ruins para a evolução da atividade econômica anual. Em 1981 a atividade econômica encolheu 4,25%, terceira maior queda desde o ano de 1962. Depois, no ano de 1990, a queda foi de 4,35% e de lá até a crise fiscal que se iniciou no ano de 2014 nossa economia experimentou o chamado “voo de galinha”, termo utilizado para representar movimentos de aumentos seguidos de quedas.
Nos anos de 2015 e 2016 nossa economia encolheu, respectivamente, 3,55% e 3,28% e com isto se iniciou um novo período em que os brasileiros têm, novamente, que “correr atrás do prejuízo”. No final de 2016 nossa economia havia arremetido o PIB aos níveis do ano de 2010, ou seja, andamos para trás. Isto é muito ruim, uma vez que o PIB é uma das formas de representar a riqueza de um país. Com isto, temos menos recursos disponíveis contrastando com uma população que não para de crescer. O resultado desta combinação é uma piora da qualidade de vida da população. O empobrecimento do país.
Nossa economia estava num novo “voo de galinha”, tentando tomar impulso nos anos de 2017 a 2019, quanto já estávamos com o PIB nos níveis do ano de 2012. Porém a crise de 2020 está levando o PIB para trás, novamente. Voltamos aos níveis do PIB real do ano de 2010.
As soluções não são fáceis de serem implementadas, pois os maiores problemas atuais da economia brasileira são o alto endividamento público e o déficit fiscal persistente. Mesmo se não tivéssemos a crise econômica de 2020 ainda estaríamos tendo anos difíceis, mas se recuperando. A exemplo do que ocorreu nas décadas de 1980 e 1990.
Porém, os cenários de curto e médio prazos não são nada otimistas quanto à reversão deste cenário. A administração pública de forma geral tem muita dificuldade para fazer ajustes fiscais. E quando se fala em ajuste fiscal não quer dizer que se deve cortar despesas em todas as áreas, mas sim racionalizar os recursos e aplicá-los de forma eficiente e efetiva, como estabelece a Constituição Federal. Mas, diferentemente disto, quando necessário vemos os gestores públicos efetuando cortes de gastos nas áreas sociais e mantendo as atividades discricionárias.
A expectativa sobre a dívida líquida do setor público é que ela cresça nos próximos anos, em relação ao PIB, e isto se manterá pelo fato de que as expectativas sobre a atividade econômica continuarão sendo de baixo crescimento. Na mesma linha, o equilíbrio fiscal não deve ocorrer nos próximos anos, tendo a expectativa de resultados primários deficitários para os próximos cinco anos.
Isto deve se replicar para os estados e municípios e a gestão pública deverá ser realizada com muita responsabilidade nos próximos anos, como já deveria ter ocorrido nas décadas passadas. Diante de tudo isto o controle social sobre a gestão pública deve ser potencializado. Todos os cidadãos devem monitorar, fiscalizar e cobrar os gestores públicos para que apliquem com eficiência e eficácia os recursos públicos em favor da população. Infelizmente não é isto que ocorre, mas ainda dá tempo de começar para evitar que os próximos anos sejam difíceis para todos nós.
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