É claro que parte destes eventos se caracterizam como um fenômeno que está assolando todas as economias do mundo, porém, tem uma outra parte que é de responsabilidade do próprio governo, ou melhor, da incompetência do atual governo em lidar com estas questões nevrálgicas para nossa sociedade.
Há uma insistência do governante e de seus apoiadores a minimizar ou relativizar as questões fundamentais dos nossos problemas econômicos, como se a culpa sempre fosse dos outros e nunca da inépcia deles em lidar com a coisa pública.
O aumento sistemático da inflação está no centro da discussão porque os aumentos dos preços combinado com desemprego e baixo rendimento provoca uma piora da qualidade de vida das pessoas, principalmente daquelas que possuem forte restrição orçamentária. E aí, a “grita” é grande.
Todos os preços estão aumentando, porém o governo elegeu os combustíveis como sendo o vilão. Mais uma prova da total ausência de habilidade de nossos gestores. Os combustíveis estão caros, sim. Mas tudo está caro. De janeiro de 2020 a maio de 2022 o custo da cesta básica aumentou mais de 50%. No mesmo período o IGP-M, o índice que corrige os contratos de aluguéis, acumula alta superior a 55%. O problema não é somente o preço dos combustíveis. É muito maior do que se tentar mostrar.
As medidas adotadas para reduzir os preços dos combustíveis são louváveis e há muito tempo se fazia necessária uma rediscussão das pesadas alíquotas de tributos que incidem sobre o consumo, porém é solução para uma pequena parte de nossos problemas.
Também devemos atentar para algumas medidas que surgiram no calor da preocupação com a proximidade das eleições. Parece que somente agora o governo e sua base de apoio no Congresso Nacional “acordaram” para os diversos problemas que os brasileiros enfrentam há muitos anos. Sim, há muitos anos: desde o governo Lula, passando pelo de Dilma e de Temer e chegando no de Bolsonaro.
As medidas “tiradas da cartola” geram um cenário muito preocupante para o futuro próximo. Na tentativa de criar uma sensação de bem-estar no período que antecede as eleições estão tomando decisões que comprometerão o financiamento das políticas públicas tanto na esfera federal quanto nas esferas estaduais e municipais. Como governadores e prefeitos também são sensíveis ao momento eleitoral, “surfam na mesma onda”. O que eles não dizem é que o volume de receita pública que deixará de ser arrecadado e distribuído irá gerar uma redução de despesas na mesma intensidade.
O pior é que todos nós sabemos que quando os governantes precisam cortar despesas as primeiras vítimas destes cortes são os gastos sociais, em especial na saúde e na educação. E para além disto temos o endividamento público que irá gerar um custo social muito grande nas próximas décadas. E tudo isto porque o governo não fez o que tinha que fazer no momento certo e agora os agentes políticos precisam buscar a reeleição. Espero que resolvam os problemas futuros de forma mágica, tirando soluções responsáveis da cartola e sem prejudicar, ainda mais, os brasileiros.
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