Entretanto, muitas destas economias presenciaram um processo de desindustrialização, seja pelas vantagens absolutas ou pelas vantagens comparativas de produção de outros players internacionais. É claro que para cada país teremos uma história particular para o processo de desindustrialização, mas podemos apresentar um grande motivo de caráter geral que é a imigração de grande parte da produção mundial para países do oriente, tais como China, Coréia do Sul, Taiwan e Singapura. Agora este processo está ocorrendo, também, para a Índia.
De forma particular, o brasileiro, temos que o setor industrial sofreu (e sofre) com uma elevada e complexa carga tributária, pesados encargos trabalhistas e a ausência de uma política pública que incentive o desenvolvimento industrial e o consequente aumento da produtividade e competitividade do setor.
No Brasil o governo até extinguiu o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) e muito pouco se fez nos últimos vinte anos para valorizar este setor que no ano de 1985 era responsável por 48% do valor adicionado no PIB e por 27,6% do total de emprego formal no país. Este cenário reduziu a participação no valor adicionado no PIB para 26,7% no ano de 2000 e para 22,2% no ano de 2021. No caso dos empregos formais houve uma redução na participação relativa para 20,2% no ano de 2000 e para 17% no ano de 2021.
Este mesmo movimento ocorreu nos estados e municípios do país com uma dinâmica agravada com a disputa pela atração de empreendimentos industriais de uma região para outra. Com isto, presenciamos, também, um processo de migração da produção e das plantas industriais para outras regiões. Desta forma, a configuração do tecido produtivo brasileiro sofreu forte transformação nos últimos 35 anos.
O estado do Paraná e, em especial, os municípios de Apucarana e Arapongas conseguiram manter os empregos relativos no setor industrial neste começo de século. Porém, a ausência de uma política de desenvolvimento industrial pode fragilizar e colocar em condições de vulnerabilidade o futuro do emprego industrial.
O momento eleitoral é propício para a discussão de propostas para o fortalecimento do setor industrial e a população e, principalmente, a sociedade civil organizada deve provocar este debate com os pretensos candidatos, bem como alinhavar compromissos para a construção de uma política industrial sólida que contemple desde o processo de formação de mão-de-obra técnica e superior até políticas de incentivo que garantam ganhos de competitividade através do aumento da produtividade a partir das potencialidades existentes.
São medidas estruturantes que se consolidam no longo prazo e que devem ser discutidas de forma permanente para não corrermos o risco de termos mais uma opção de geração de emprego e renda definhando.
Só que para os governos se sensibilizarem e passarem a se preocupar com a temática é necessário que a discussão se inicie pelos cidadãos locais. E esta discussão pode e deve ter uma governança heterogênea, sem a exclusividade de integrantes “chapa branca”. Somente assim os interesses coletivos poderão ser garantidos.
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