sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

“Quem não sabe brincar não entra na brincadeira”

Com relação às notícias de que o “proprietário” do Apucarana Sports, Sr. Gilberto Ponce, vai trocar o domicílio do “seu” time de futebol motivado pela falta de “apoio” dos empresários do município de Apucarana, temos que fazer algumas reflexões.

Quando o dono de um time de futebol busca “patrocinadores” ele quer que estes revertam recursos financeiros e materiais para a equipe. Por outro lado os candidatos a “patrocinadores” esperam receber em troca que suas marcas venham a ser divulgadas e que a propaganda traga alguma vantagem competitiva no mercado em que ele atua, que atraia mais consumidores, que possibilite a venda de maiores quantidade de seus produtos, enfim, esperam faturar mais. Também querem ganhar alguma coisa. Isso é “business”, negócios.

Já quando um time de futebol busca “investidores” acredita-se que o proprietário do time esteja buscando sócios que irão aportar recursos financeiros no empreendimento. Da mesma forma, esses “novos sócios” pretendem que o seu investimento retorne acrescido de ganhos. Nessa atividade em particular acredita-se que os retornos para os investidores serão oriundos de prêmios por conquista de títulos, lucros resultantes da diferença das receitas e das despesas do empreendimento e, o que seduz a todos do segmento, a venda de jogadores por valores bem superiores aos valores pagos e gastos com eles.

Mas na realidade o que esses proprietários de times de futebol querem é que alguém lhes dê dinheiro e infraestrutura para que no final somente eles ganhem. Um verdadeiro absurdo.

Como disse Milton Friedman, “não existe almoço de graça”. Nenhuma pessoa ou empresa vai tirar dinheiro do bolso ou do caixa da empresa para “doar” para “empresários da bola”. O único a ter vantagens ou ganhos com essa prática é o dono do time de futebol.

Tem um ditado que diz que “quem não sabe brincar não deve entrar na brincadeira”. Se o dono do time não tem capital para “bancar” seu negócio ou se ele não entende de futebol ou se ele não tem contatos e estrutura para contratar bons jogadores ou mesmo desenvolvê-los, eles devem abandonar a atividade. Não é correto querer fazer isso com o dinheiro dos outros sem dar nada em troca. O “empresário da bola” que acha que é assim que se faz futebol está totalmente enganado. Futebol também é um negócio.

Também não adianta pôr a culpa na torcida porque ela só vai assistir jogos no estádio quando o time é bom e está ganhando ou quando se tem um processo histórico de existência do time e de uma torcida que nasce, cresce e morre torcendo para ele.

A prática desses “empresários da bola” é muito individualista e não deve ter espaço na sociedade.

Se quiserem ir embora, boa viagem.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Setor de serviços "patina" em 2014

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística divulgou o resultado da Pesquisa Mensal de Serviços do mês de novembro de 2014. Na chamada da divulgação colocam que as receitas dos serviços cresceram 3,7% em novembro. Parece que a notícia é excelente diante de tantas outras ruins que surgiram na área econômica nos últimos dias. Mas não passa de uma tentativa para agradar.

Esse crescimento compara o mês de novembro de 2014 com o mesmo mês de 2013. Comparando o índice de receita dos serviços de novembro com o do mês de outubro de 2014 as receitas reduziram 1,7%. No acumulado do ano a variação nominal da receita dos serviços está em 6,2% e nos últimos doze meses o acumulado é de 6,4%.

Notem que a variação que a pesquisa apresenta é a nominal, ou seja, para termos a variação real devemos deduzir a inflação do período. Em novembro a inflação acumulada dos últimos doze meses estava em 6,56%. Com isso podemos considerar que até novembro de 2014 a variação acumulada para o ano da receita dos serviços foi de -0,15%, ou seja, a receita dos serviços reduziu em termos reais, nesse período.

Os setores que tiveram as menores taxas de variação acumulada nos últimos doze meses foram: serviços de tecnologia da informação e comunicação (3,6%), transportes terrestres (5,0%) e serviços técnicos-profissionais (5,8%).

No estado do Paraná o acumulado dos últimos doze meses foi de 6,2%.

Além do setor industrial o setor de serviços é outro que necessita que o cenário da economia brasileira tenha uma reversão positiva. E para nossa região, mais especificamente a microrregião de Apucarana, onde o setor de serviços é responsável por cerca de 30% dos empregos formais, a atenção com a economia tem que ser maior.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Redução da ocupação industrial no país: sinais de tempos ruins?

Com a divulgação do resultado de novembro de 2014 da Pesquisa Industrial Mensal de Emprego e Salário (PIMES), o IBGE apontou para uma redução do nível de pessoal ocupado em 0,4% no mês de novembro em relação a outubro do mesmo ano. Nos últimos doze meses (dezembro/2013 a novembro/2014) a redução foi de 3,0% e o acumulado no ano de 2014 aponta para uma redução do nível de pessoas ocupadas na indústria de 3,1%.

Redução da ocupação significa aumento do desemprego. Entretanto a pesquisa abordou somente o setor industrial, o que podemos concluir que o setor industrial brasileiro demitiu mais do que contratou em 2014, mas não isto não significa que essas pessoas continuaram desempregadas ou se foram absorvidas por outros segmentos da economia.

De qualquer forma a redução do emprego no setor industrial segue o comportamento do nível de atividade do setor industrial, que deverá ter uma redução em torno de 2,5%, em 2014.

E pelo “andar da carruagem” esses postos de trabalho não deverão ser repostos em 2015: a expectativa é de que a produção industrial cresça somente 0,71%. Isto se o setor não for afetado negativamente por medidas de políticas econômicas.

Também tem a possibilidade de que esse aumento da produção possa ser absorvido com aumento de produtividade e, com isso, não haverá necessidade de novas contratações.

Outra conclusão que podemos considerar é que o setor industrial terá dificuldades de promover aumentos reais na massa salarial paga pelo setor. Exemplo disto é a aceitação por parte dos funcionários da Volkswagen que concordaram com o congelamento dos salários para evitar demissões.

Daí para frente tem os encadeamentos naturais desses eventos, pois se a indústria for mal os outros segmentos da economia também correrão riscos de sofrer desempenhos ruins.

Depois de muitos anos o desemprego pode voltar a assombrar os brasileiros. 

A morte da nova matriz econômica

Antes mesmo de completar 30 dias do novo mandato da Presidente Dilma já temos indícios claros de que este será totalmente diferente do anterior. A tão badalada “nova matriz econômica” de Guido Mantega ficou velha e já foi sepultada. Esta estratégia se baseava na combinação de juro baixo, taxa de câmbio competitiva e a consolidação fiscal.

Claro que mudanças deveriam ocorrer, pois a economia brasileira sofreu muito nos últimos quatro anos e vários indicadores se deterioraram. Entretanto a “finada” estratégia econômica do governo não disse a que e para que veio. Os juros não impulsionaram o crescimento, a moeda brasileira apreciada causou problemas competitivos para nossos exportadores e expôs nossa indústria aos produtos importados e as políticas fiscais anticíclicas não reduziram a relação dívida/PIB. Um verdadeiro desastre.

Voltamos ao tripé macroeconômico, implantado no governo de Fernando Henrique Cardoso, baseado em meta de inflação com autonomia do Banco Central para persegui-la, câmbio flutuante e responsabilidade fiscal.

Esse começo de segundo mandato está sendo muito “duro” nas medidas de política econômica e, infelizmente, quem vai sofrer mais com elas é quem produz: os assalariados e as empresas de pequeno e médio portes.

As medidas podem até desacelerar a inflação, porém também irão desacelerar o crescimento da economia e aumentar a relação dívida/PIB. Mas se for conduzida com responsabilidade poderemos ter um ano de 2016 com a retomada da melhoria dos indicadores econômicos.

De acordo com o “Relatório de Mercado” divulgado pelo Banco Central as expectativas de mercado refletem essa retomada. Segundo o relatório, em 2015, a inflação deverá ser de 6,67%, o crescimento do PIB será irrisório 0,38% e a dívida líquida do setor público baterá o equivalente a 37% do PIB. Para 2016 espera-se que a inflação reduza para 5,70%, que o PIB cresça 1,80% e que a relação dívida/PIB aumente para 37,4%.

Não deixa de ser uma “leve” melhora. Mas vai depender muito da liberdade que a equipe econômica tiver para implementar as medidas necessárias.

Temos que torcem para que a “Toda Poderosa” não queira assumir as decisões econômicas e venha a “meter os pés pelas mãos”, de novo.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

A volta do Superman

Para descontrair.

As duas melhores interpretações de quem não tem muito o que fazer.

Pena que não entendi nada que foi falado no primeiro vídeo.



Superman Carioca:

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Governo repassa despesas para os consumidores


Com a decisão do governo federal de não utilizar os recursos previstos no orçamento para socorrer o setor elétrico a "conta" vai ficar para os consumidores. Nenhuma novidade, pois a conta sempre fica para o contribuinte.

Não que isto esteja errado, mas essa nova (velha) prática vai onerar, ainda mais, o bolso da classe trabalhadora. A conta deve ficar "mais salgada" em mais de 20% em 2015.

Soma-se a isto o aumento dos alimentos e os pacotes de aumentos de tributos estaduais e municipais e temos uma verdadeira "extorsão" da classe proletária, justamente por parte daqueles que se diziam defensores dos pobres e trabalhadores. Lamentável.

Inflação dos alimentos é maior do que o aumento dos salários

Nos últimos três anos a inflação oficial medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulou um aumento de 19,28%. Para repor o poder aquisitivo dos trabalhadores o salário mínimo foi reajustado em 26,68%, para o mesmo período. Esse índice representa a reposição da inflação do período mais um ganho real de 6,20%, o que representa o crescimento acumulado da economia nos anos anteriores.

Até aí tudo parece maravilhoso, pois o salário mínimo está apresentando ganhos reais. Mas só parece.

O índice de inflação é geral e quando efetuamos uma análise dos diversos serviços e produtos que o compreendem identificamos algumas distorções que prejudicam aqueles trabalhadores que ganham até três salários mínimos.

Para exemplificar pegamos somente o grupo alimentação e bebidas e a evolução dos preços neste mesmo período. Este grupo teve um aumento de preços de 28,75%. Portanto acima do aumento dos salários.

A alimentação no domicílio, que compreende os preços dos produtos adquiridos nos mercados para fazer os alimentos em casa, subiram 26,86% e a alimentação fora do domicílio, para aquelas pessoas que fazem suas refeições e lanches em restaurantes e lanchonetes, subiu 32,34%.

Considerando que o peso do grupo de alimentação e bebidas nas despesas das famílias é de 23,12% e considerando que este grupo teve uma inflação maior do que a média do indicador, podemos afirmar que as famílias deixam de consumir outros bens e deixam de contratar outros serviços para garantir o sustento da família, uma vez que os preços dos alimentos cresceram mais que os salários.

E tudo indica que essa tendência não deva se reverter tão cedo. 

Com isso podemos concluir que a atual política econômica do governo federal está afetando a todos, indistintamente, e de forma mais cruel as famílias mais pobres de nosso país.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

E o povo ó...

Ao que parece a crença em uma melhora nos indicadores econômicos para nosso país estão diminuindo. Em meados de dezembro do ano passado as expectativas do mercado financeiro para 2015 indicavam que a inflação deveria fechar em 6,50%, que os preços administrados atingiram um aumento de 7,48% e que o crescimento da economia seria de 0,69%.

Pois bem, as primeiras impressões das medidas tomadas e anunciadas pelo governo para a área econômica não causaram boas impressões e essas expectativas pioraram. Agora as expectativas do mercado para 2015 apontam que a inflação deve ficar em torno de 6,60%, que os preços administrados devem bater 8,00% de aumento e que o PIB crescerá somente 0,40%.

Essas mudanças nas expectativas indicam que as “primeiras maldades” por parte do governo federal são muito duras e as consequências podem ainda serem piores. Mantendo-se esse nível tão baixo de crescimento é muito provável que tenhamos uma redução do nível de ocupação, ou seja, aumento do desemprego.

É claro que estamos apenas no início do ano e que a nova equipe econômica poderá emplacar medidas para amenizar a situação que se desenha. Entretanto a coalização política que o governo formou não garantirá políticas econômicas inclusivas e que conduzam a economia para um crescimento sustentável, garantirá somente que as ideias que surgirem "das cabeças" do pessoal do Planalto sejam aprovadas sem o menor constrangimento.

E o povo... ah, e o povo...

2015: o ano das maldades

Em todas as sociedades onde existem eleições para escolha dos mandatários políticos, ou seja, nas sociedades democráticas, utilizamos algum critério para fazer a nossa escolha. Normalmente avaliamos o desempenho do candidato em outros cargos que ocupou, independente de ser eletivo ou não, ou analisamos o alinhamento ideológico existente com o candidato.

A teoria dos ciclos políticos econômicos é a parte da ciência que estuda as interações entre as decisões de políticas econômicas e as considerações políticas. Normalmente este ciclo espelha a agenda eleitoral. Com efeito, decisões que sejam impopulares nunca são tomadas perto das eleições; normalmente isto ocorre no primeiro ou, no máximo, no segundo ano do mandato - considerando mandatos de 4 anos. Nos dois últimos anos do mandato somente notícias boas, positivas e ações populares é que aparecem, pois o mandatário espera ser reeleito ou, quando não for o caso, espera indicar e eleger o seu sucessor.

Desta forma as decisões econômicas impopulares, tais como aumento de impostos, cortes de gastos públicos e aumento de juros são realizadas nos dois primeiros anos do mandato como uma forma de realizar ajustes fiscais necessários para promover o crescimento econômico nos dois últimos anos do mandato.

William Nordhaus, em sua obra intitulada "The Political Business Cycle" de 1975, afirma que os ocupantes de cargos políticos efetuam políticas fiscais expansionistas nos últimos anos do mandato, justamente para aumentar as chances de reeleição. É justamente isso que ocorreu em 2014 no governo federal e nos governos estaduais.

Entretanto quando isso ocorre (o que podemos afirmar que é sempre) provoca um desajuste na economia, o que obriga o próximo ocupante do cargo a iniciar seu mandato promovendo ajustes impopulares. Agora é chegada a hora de fazer os ajustes e todos os mandatários estão tomando medidas duras para a sociedade. Estamos sendo vítimas de moratórias, aumento de impostos, de barreiras para acessar benefícios sociais, redução de descontos para pagamentos de serviços públicos, e vamos experimentar aumento de juros, de inflação e de desemprego.

O ano de 2015 é o ano das maldades. Isto porque todos os eleitos e os reeleitos recém-empossados estão tomando as medidas para ajustes dos desequilíbrios que muitos deles foram os causadores.

O ponto positivo (se é que existe um) fica por conta de que em 2015 os municípios estão entrando no período de lua-de-mel, pois é o terceiro ano de mandatos dos prefeitos. Agora tudo de bom começa a aparecer: obras, inaugurações, festas, concursos, etc. Agora vai ser possível, pois os dois anos anteriores foram os anos das maldades para os prefeitos.

E viva o ciclo político invertido.


domingo, 11 de janeiro de 2015

Os Ministros de Dilma

A nova equipe de ministro da Presidente Dilma Rousseff apresenta uma marca muito forte de coalização política. Muitos ministérios foram oferecidos a representantes de partidos políticos em troca de apoio político na Câmara dos Deputados e no Senado Federal. Esse ato já demonstra uma tentativa de interferência entre os poderes da República e pode deixar toda a sociedade refém da vontade de uma minoria que detém o poder e que busca uma discutível hegemonia na sociedade.

Se não bastasse isto para ficarmos “com o pé atrás” com o novo ministério temos dois ingrediente a mais nesta solução que deve nos deixar ainda mais preocupados.

O primeiro diz respeito à sua qualificação, ou seja, se o novo ministério é técnico ou político. Embora boa parte deles possuam boa formação acadêmica podemos identificar que a maioria não possui experiência comprovada nas áreas que estão assumindo. Tivemos ministros que declararam que não entendem nada da pasta que irão atuar. Isto é, no mínimo, temerário. A escolha da nova equipe ministerial passou quase que exclusivamente por critérios políticos com o objetivo de “lotear” o governo federal em busca da dita coalização.

Poucos nomeados possuem experiência ou podemos identifica-los como sendo detentores de capacidade técnica suficiente para dar tranquilidade para a sociedade. Exemplo disto são os nomeados para a equipe econômica: Ministério da Fazenda, Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão e Presidência do Banco Central. Nestes casos os nomeados são pessoas com currículo acadêmico e profissional de alto nível e que possuem plenas condições para conduzir de forma adequada todas as ações de suas pastas.

Outras áreas como Advocacia-Geral da União, Controladoria-Geral da União e Ministério das Relações Exteriores, pela sua especificidade, também possuem nomeações técnicas.

Com isto podemos considerar que a nova equipe de ministros do governo de Dilma Rousseff é essencialmente política, uma vez que a maioria dos nomeados não possuem qualificação acadêmica e técnica e experiência nas respectivas áreas. Outros fatores preocupantes são a falta de experiência em funções de gestão dos nomeados e o critério de preenchimento dos cargos de segundo escalão nos ministérios, empresas estatais e autarquias do governo federal. Neste último caso parece que manterão a estratégia de coalisão, “leiloando” estes cargos em troca de apoio político.

O segundo ingrediente, e não menos importante, diz respeito à autonomia que será dada (ou não) pela Presidente para os novos Ministros. O Ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, já levou uma “invertida” neste sentido.

Tudo isso sem falar nas divergências ideológicas e conflitos de interesses entre os grupos que “lotearam” os ministérios. Exemplo disto identificou-se nos pronunciamentos da Ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Kátia Abreu, e do Ministro do Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias, que andaram se alfinetando publicamente.

A composição de baixa qualificação e experiência técnica do novo ministério preocupa e deve ser acompanhado por toda a sociedade a fim de cobrar a execução de políticas públicas que levem ao desenvolvimento social e econômico de nosso país.

Resta lembrar que o ano de 2015 é importante para que os ajustes econômicos, sociais e políticos possam ser feitos para que a retomada do crescimento possa ocorrer à partir de 2016. Se o desempenho for ruim em 2015 perderemos 2016, também.


sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Alimentação e bebidas são os vilões da inflação em 2014


O grupo de alimentação e bebidas vem sendo o grande vilão do aumento da inflação nos anos de 2013 e de 2014 quando tiveram um impacto de 2,03% e 1,97% índice geral do IPCA, respectivamente.

É claro que o trabalhador assalariado já tem conhecimento disto, pois cada vez que vai aos supermercados, açougues e quitandas voltam com menos produtos.

O gráfico abaixo mostra o impacto de todos os grupos na formação da índice geral do IPCA nos últimos dois anos.


Na variação absoluta dos grupos o de alimentação e bebidas teve uma aumento dos preços na ordem de 8,48% em 2013 e de 8,03% em 2014. No ano passado outros grupos tiveram evolução absoluta maior do que o de alimentação e bebidas, entretanto o peso deste grupo na formação do índice geral faz com que os grandes vilões da inflação nos dois últimos anos sejam os alimentos e as bebidas.

Resta lembrar que o salário mínimo foi reajustado em 6,8% em 2014 e em 7,5% para 2015. Com isso verifica-se que o aumento do salário mínimo foi inferior ao impacto dos preços do alimentos e bebidas no período. 

Com efeito temos que os trabalhadores deverão comprar menos alimentos para suas famílias ou terão que sacrificar outras despesas de sua unidade familiar. Infelizmente que vai "pagar o pato" por conta da irresponsabilidade na condução da economia nos últimos anos serão os trabalhadores assalariados.

Mas pode ficar pior dependendo das medidas que o governo adotar.

IPCA fecha 2014 abaixo do teto da meta, mas...

O IBGE divulgou nesta sexta-feira o resultado apurado pelo IPCA em dezembro e, consequentemente, o resultado acumulado no ano de 2014. Em dezembro a inflação medida pelo IPCA ficou em 0,78% e fechou o ano em 6,41%. 

Não ultrapassou o teto da meta, mas chegou perto. Os analistas do mercado financeiro indicava uma expectativa acumulada de 6,39%. Portanto acertaram.

Para os defensores da política econômica do governo federal o fato da inflação não ter ultrapassado o teto da meta pode parecer um motivo para comemorar, mas não podemos concordar com isto: a inflação ficou alta em 2014 e a expectativa é de que em 2015 ela seja ainda maior, algo em torno de 6,56%. Pelo menos esta é a expectativa mantendo-se os atuais indicadores de política econômica. É claro que se a equipe econômica da presidente Dilma puder e fizer o dever de casa esses indicadores podem melhorar um pouco. Digo um pouco porque o esforço para trazer a inflação para o centro da meta já em 2015 seria muito grande e teríamos como consequências um aumento do desemprego e a estagnação da economia.

Realmente não há o que comemorar. Resta torcer para que a população não sofra muito com as medidas que já foram tomadas e com as que ainda estão por vir.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Recurso público: “que seja infinito enquanto dure”

Os recursos públicos são oriundos de arrecadação de impostos, taxas e contribuições, além da receita por prestação de serviços prestados pelo ente público para a sociedade. Também temos que considerar os recursos oriundos de empréstimos e financiamentos feitos para a administração pública. O grande objetivo da arrecadação por parte do setor público é o de financiar as suas atividades econômicas para cumprir com seus papéis constitucionais de executar políticas públicas.
Não tem mágica: a atividade pública tem um preço e alguém tem que pagar a conta.
Do lado dos gestores públicos são necessárias habilidades e competências que proporcionem a estimativa real da receita de um exercício e a previsão de todas as despesas necessárias para cumprir com as metas e objetivos prioritários, que são suas obrigações, bem como para dar conta dos compromissos assumidos com a sociedade em promessas de campanhas ou através de cobranças das forças populares.
Já pelo lado dos cidadãos beneficiários da atividade pública temos que as expectativas e as necessidades são, sempre, muito maiores do que a capacidade de atendimento do setor público.
Temos desta forma, que os recursos públicos são escassos e as necessidades da população são ilimitadas. Estabelece-se, assim, uma dicotomia de difícil solução.
Como equilibrar esta equação? Não é tarefa fácil, não. Diversas medidas devem ser providenciadas tanto pelos gestores públicos quanto pelos cidadãos, porém tudo passa pelos princípios da eficiência, eficácia, efetividade, motivação e da razoabilidade na efetivação da despesa pública, que deve ser cumprida pelos gestores e exigida e fiscalizada pela sociedade. A falta de recursos públicos não é causada somente pela corrupção e pelo desvio de recursos públicos, embora as notícias recentes nos induzam a deduzir isto.
Outro elemento que temos que considerar é o mau uso do dinheiro público, o desperdício, a utilização em ações não prioritárias, muitas vezes para atender o ego do gestor de deixar a sua “marca” na passagem pela gestão. E a grande culpada é a própria sociedade quando se abstém de exigir e de fiscalizar a adequada e eficiente aplicação dos recursos públicos.
Falar que essa é função somente do legislativo e deixar por conta deles é, no mínimo, inocência ou inconsequência porque não é possível acreditar que o legislativo exerce plenamente a fiscalização da aplicação dos recursos públicos, pois se isto ocorresse de fato não teríamos tantas notícias de corrupção e de mau uso de recursos públicos.
O que é certo é que os recursos públicos tem que ser mais bem aplicados, de tal forma que, parafraseando Vinícius de Moraes, “seja infinito enquanto dure”. É fácil identificar o mau uso do dinheiro público, basta observar.